Já fez LIKE no TVI Notícias?

Processo contra ex-gestores do BCP foi anulado

Provas apresentadas por Joe Berardo foram consideradas inválidas

Notícia actualizada às 19h40 com declarações do juiz

As provas apresentadas no julgamento das sanções e coimas aplicadas pelo Banco de Portugal a seis antigos gestores do BCP foram consideradas nulas pelo Tribunal.

PUB

O juiz António da Hora, do Tribunal de Pequena Instância Criminal, declarou assim, esta sexta-feira, a nulidade das provas que estiveram na base do processo contra os antigos gestores do BCP - Jardim Gonçalves incluído.

A decisão surge na sequência da audição do empresário Joe Berardo, que decorreu no dia 16, e na qual disse desconhecer a origem dos documentos.

Para o juiz, o «processo sofre de mal formação genética», uma vez que estas denúncias anónimas acabaram por servir de guião.

Durante a leitura da decisão, António da Hora sublinhou que o direito ao sigilo bancário «não é absoluto», e que tal cedência tem de ser feita por via legal e não por «manobras enviesadas por anonimato», lembrando que as denúncias não foram feitas às entidades competentes, mas sim a Joe Berardo, que «tem uma relação privilegiada com os meios de comunicação social».

PUB

Segundo a decisão, ficou claro que as denúncias foram a condição sem a qual não existiria processo, uma vez que na altura dos factos o Banco de Portugal realizou acções inspectivas no BCP e não detectou qualquer regularidade.

O Tribunal entendeu assim que os antigos administradores do BCP tinham razão quando alegaram violação de sigilo bancário decorrente das informações fornecidas por Joe Berardo às autoridades. Ele que é, recorde-se, um dos maiores accionistas do banco.

Os ex-administradores tinham sido condenados pelo Banco de Portugal a pagar coimas entre 230 mil euros e um milhão de euros e a inibições de actividade entre três e nove anos no caso das offshores.

Fica assim anulada a sanção do Banco de Portugal sendo que, no entanto, a decisão do Tribunal é passível de recurso. O advogado do BdP José Moutinho tem agora 10 dias para decidir se recorre ou não. Ao longo do processo foram inquiridas 16 das 138 testemunhas arroladas.

Três processos em curso

PUB

Os três processos que visam antigos altos quadros do BCP estão a decorrer em fases distintas, estando o julgamento de recurso da decisão do Banco de Portugal em suspenso, o da CMVM na fase inicial, e o do Ministério Público adiado para 2012.

Nos três processos, dois contraordenacionais e um processo-crime, os arguidos - nem sempre coincidentes - são acusados de ocultação de informação ao mercado e aos supervisores, falsificação de contas e manipulação de mercado.

Este julgamento que visa a impugnação das penas do Banco de Portugal sobre seis antigos administradores e um director é o que se encontra na fase mais adiantada, tendo já decorrido várias sessões.

O juiz António Hora tinha decidido interromper o plano de sessões agendado para ouvir Joe Berardo, sendo que agora o juiz agora aceitou os argumentos dos advogados dos ex-administradores do banco, uma vez qye se trata de documentação alegadamente obtida através do crime de violação de segredo bancário.

Neste processo, estão envolvidos seis antigos administradores e um director - Jardim Gonçalves, Filipe Pinhal, Christopher de Beck, António Rodrigues, Alípio Dias, António Castro Henriques e Luís Gomes. O próprio BCP foi também condenado a uma coima de cinco milhões de euros.

Paulo Teixeira Pinto e Filipe Abecassis não foram condenados, apesar de terem sido acusados, uma vez que o Banco de Portugal considerou não ter ficado provado que os dois responsáveis tivessem conhecimento das matérias em causa.

PUB

Últimas