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«Não há maneira de evitar a austeridade». Falar em programas alternativos é uma «falácia», segundo o ex-ministro das Finanças, Medina Carreira. O autor do programa «Olhos nos Olhos» da TVI24 entende que, para os portugueses fazerem uma escolha responsável e consciente nas próximas eleições legistativas, daqui a seis meses, é preciso saber exatamente como estamos e porque chegámos onde chegámos enquanto país, enquanto povo, enquanto economia. Desafiando a ministra das Finanças a ir à televisão, com um quadro preto, para explicar «tintim por tintim» como estão as contas de Portugal, Medina Carreira admite que «não estamos longe de outro sarilho, com a política e os políticos que temos».
No programa desta segunda-feira, o primeiro de uma série de especiais pré-eleições legislativas, Medina Carreira começou por dizer que «hoje não faz sentido» falar em «esquerda e direita» na política. Porque para as bandeiras de um e outro lado soprarem mais, «é suposto que haja dinheiro». E isso é coisa que não abona em Portugal.
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Não houve mudança de políticas, conclui Medina Carreira«Nos últimos cinco, 10 anos andámos a redistribuir com dinheiro alheio, com dinheiro dos outros. Dizer que a austeridade acaba, isso não vai acontecer (…) A distribuição é um vício dos ministros. Quando não dão dinheiro é porque não têm (…) e, quanto à dívida, aqui em Portugal se se abre a porta ninguém para»
O ex-ministro explicou que sem cortar em despesas de pessoal e prestações sociais, que representam 77% do Estado, nada a fazer.
A internacionalização das economias é outro problema«Sem mexer nisso, não consegue… Se não retornarmos a 3 ou 4% [de crescimento] não se consegue. não podemos manter o nível da despesa que estávamos a realizar…»
«Tudo fabricado na China. Isto mudou por completo, as produções mais acessíveis deslocaram-se. A verdade é que isto não é só em Portugal. A Europa não foi capaz de manter posição de concorrência. (...) A ideia de que se explica tudo pelas dificuldades do euro não se confirma pelo que se passou aqui... De 2000 para 2001, na viragem do século, isto tem a ver com a internacionalização da economia, com o acordo de comércio com a China… Isto [a Europa] manteve-se a vegetar»
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«Não temos grandes condições, nós em Portugal não temos investimento (...). O primeiro-ministro coloca grande preocupação nos custos suportados pelas empresas [a TSU, que promete baixar]. Eu digo que o problema não é esse ou não é principalmente esse. Ninguém vem aqui investir com o sistema fiscal que temos, que muda todos os quinze dias. Ninguém vem aqui investir se não sabe se leva seis meses, 10 meses, dois anos, para obter uma licença. Ninguém vem investir (...) até perceber que o Citius está a andar muito mais depressa»
Depois, sem a despesa pública baixar para os 43% do PIB, nada feito. Se o país não mudar a política dos gastos, «corremos riscos sérios», advertiu, recordou que a despesa pública aumentou em todos os governos desde a viragem do milénio, em 2000.
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Nenhuma das duas é solução«Uma dona de casa não teria consentido que nós falíssemos… Acredito muito mais nas mulheres, não têm golpes, não são politiqueiras (...) Sem a despesa abaixo dos 47% do PIB [valor de 2014], ainda não é sustentável. Para termos um orçamento de contas públicas devemos andar pelos 43% como estava em 2000. As pessoas devem pensar que é uma chinesice, mas isto no terreno é muita coisa, muita obrigação do Estado. Foi aqui que o país estoirou»
«Isso é gente doida. Estamos estrangulados e acham isso? Isso é uma tontice. Não vale a pena ouvir essa gente. Havia uma pessoa que nos deixou há pouco tempo, o Dr. José Silva Lopes, que valia a pena ouvir. O resto são gralhas»
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