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Fitch avisa: reestruturação voluntária é incumprimento

Agências de rating podem cortar notação da dívida grega para lixo, levando a uma fuga dos investidores

Para que não restem dúvidas, a Fitch avisou esta terça-feira que qualquer envolvimento dos credores privados numa reestruturação da dívida grega, seja ele voluntário ou não, constitui «incumprimento» por parte do Estado grego.

A participação dos privados num prolongamento do prazo de pagamento da dívida grega tem sido uma das matérias mais discutidas no plano europeu. A Alemanha e a Holanda chegaram a defender o envolvimento dos bancos, seguradores e fundos de investimento, mesmo que fosse à força. Já o Banco Central Europeu (BCE) sempre recusou a ideia, defendendo que qualquer participação privada tem de ser voluntária. Na semana passada, Alemanha e França acordaram finalmente que os bancos só prolongarão o prazo da dívida se quiserem, ou seja, voluntariamente.

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Pressão política

Mas a Fitch considera que qualquer reestruturação da dívida grega com o aval dos credores privados resulta única e exclusivamente da pressão política, não podendo ser considerada voluntária.

Por isso mesmo, se isso acontecer, a Fitch classificará a Grécia como estando em default, ou seja, em incumprimento, o que implicará um novo corte no seu rating, para a categoria de «lixo», um status que traduz a expectativa de que os credores não recuperem o valor que emprestaram originalmente.

Se isso acontecer, a consequência esperada é uma venda massiva dos empréstimos à Grécia, uma vez que os investidores não serão autorizados a deter activos com um nível de risco tão elevado.

Grécia precisa de mais dinheiro

Entretanto, a Grécia aguarda uma nova tranche da ajuda internacional, de 12 mil milhões de euros. O Governo grego, em reestruturação e prestes a ser submetido a uma moção de confiança no Parlamento, enfrenta um momento de alguma fragilidade. Caso a moção passe, o Parlamento deverá depois ser chamado a dar luz verde às novas medidas de austeridade, a 28 de Junho.

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Mas, mesmo que a Grécia consiga aprovar as medidas e receba a nova tranche, o dinheiro não será suficiente para manter os pagamentos dos seus compromissos por muito tempo. Por isso é que o país aguarda a aprovação nas instâncias europeias de um novo pacote de resgate, estimado em cerca de 80 mil milhões de euros.

O problema é que alguns países, como a Alemanha, têm feito muita pressão e quase fazem depender a nova ajuda da contribuição dos privados. Uma contribuição que pode prejudicar mais do que ajudar, se esse contributo for considerado um incumprimento pelas agências de rating.

Antes da Fitch, já a Standard & Poor¿s tinha avisado que qualquer tentativa de reestruturar a dívida do país seria considerada um default.

A terceira agencia de notação financeira, a Moody¿s, atribui à Grécia um rating que implica uma probabilidade de 50% de incumprimento da dívida em três a cinco anos.

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