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Ricardo Salgado acusou o ex-contabilista do Grupo Espírito Santo, Francisco Machado da Cruz, de ter sido responsável pela ocultação de dívida de cerca de 1,2 mil milhões de euros. O ex-presidente do BES admitiu que soube das «diferenças» nas contas em dezembro de 2013, mas só em março participou às autoridades luxemburguesas. «Nunca dei instruções a ninguém para ocultar passivos do grupo», sublinhou, acrescentando que soube que os problemas nas contas começaram em 2008. No entanto, admitiu que demorou demasiado tempo a denunciar o caso.
«Participámos a situação às autoridades luxemburguesas. Não foi com a celeridade exigida, mas fomos lá a 21 de março [de 2014]. A nossa primeiríssima prioridade era participar ao Banco de Portugal e foi isso que fizemos, a 3 de dezembro [de 2013]».
«Ninguém se apropriou de um tostão»
Questionado sobre o alegado esquema de compra de obrigações através da Eurofin, o ex-presidente do BES assegurou que o objetivo foi «retirar risco» aos clientes que não estavam protegidos.
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«O objetivo foi dar a proteção máxima dos clientes internacionais. A provisão de 700 milhões de euros foi aplicada ao papel comercial vendida no retalho em Portugal. Foi essa operação que foi realizada. Foi com esse objetivo e ninguém se apropriou de um tostão. Nem na administração, nem na família nem nos quadros diretivos».
A «enorme ofensa diplomática» a Angola Ricardo Salgado criticou a medida de resolução decidida pelo Banco de Portugal, acusando-a de fazer perder a garantia do presidente angolano sobre os 3,3 mil milhões de exposição do banco ao BES-Angola.
«Colocar a garantia do presidente da República de Angola no banco mau, como produto tóxico, é no mínimo uma enorme ofensa diplomática. A forma da resolução, deixando as ações do banco angolano no banco mau, considerou a garantia dada pelo Governo angolano como um produto tóxico».
«Os clientes queixavam-se que não eram recebidos pela administração. Começámos a assistir à evolução da atividade bancária, com o crescimento do crédito», disse, acrescentando que soube apenas pela imprensa da situação, devido ao «sigilo duríssimo» bancário de Angola.
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«Era uma situação pavorosa e que ultrapassa tudo e todos», lamentou.
«A responsabilidade não é só de Álvaro Sobrinho, é do BES, é sua. É de quem tomou a decisão de dar o crédito», disse o socialista.
Salgado respondeu que esse crédito era acompanhado «periodicamente pela área internacional do banco». «Não tínhamos dúvida nenhuma sobre esse crédito. O problema é que a garantia de Angola caiu», afirmou.
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