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Chipre está a «assaltar poupanças». Há riscos em Portugal?

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SEFIN fala em «extorsão» para explicar situação cipriota e apela aos portugueses para se manterem tranquilos. APB diz que banca nacional está capitalizada

A Associação dos consumidores de produtos financeiros (SEFIN) considera que o imposto que vai ser aplicado sobre os depósitos no Chipre representa uma «extorsão» e um «assalto às poupanças das pessoas». O membro da direção do SEFIN, António Júlio Almeida, disse esta segunda-feira que espera que as autoridades portuguesas não avancem com uma medida da mesma envergadura. Até porque a banca nacional têm-se mostrado sólida.

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«É uma extorsão, é um assalto às poupanças das pessoas. Os depósitos bancários são recursos que as pessoas entregam à confiança do sistema financeiro. Isso pressupõe uma relação de confiança que evidentemente não resiste a uma ação destas», disse em declarações à TSF, antes de reforçar que espera que «as autoridades portuguesas não caiam nisso».

«Espero que as pessoas se mantenham tranquilas e tenham confiança na banca portuguesa que, até hoje tem demonstrado, com grande ajuda do Estado, ser capaz de ultrapassar as dificuldades. (...) Tranquilidade e confiança no sistema financeiro é absolutamente fundamental, quando isso se perder em Portugal então estamos mal», explicou.

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Já a Associação Portuguesa de Bancos (APB) garantiu à TVI que «não faz nenhum sentido fazer qualquer comparação entre a situação cipriota e a do nosso país» e pensar que em Portugal pode ser aplicada a mesma medida (imposto sobre os depósitos). «Portugal necessita de incentivar a poupança e o investimento».

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«Este acordo com o governo cipriota não é generalizável a nenhum outro país da UE, pois deriva das condições particulares do sistema financeiro cipriota, cuja dimensão é muito superior à da sua economia. Na banca cipriota há um elevado peso dos depósitos de não residentes. Por outro lado, o montante necessário para a recapitalização da banca, no âmbito do plano de resgate de Chipre, é um múltiplo muito elevado face à economia do país», explica a APB numa nota pedida pela redação.

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«É um absurdo fazer qualquer comparação com a a banca portuguesa, que está solvente, já foi bem capitalizada e apresenta uma liquidez confortável».

Aliás, é bom explicar que a probabilidade de Portugal correr os mesmos riscos que o Chipre seria ínfima. Isto porque a banca portuguesa não foi o principal problema a despoletar o resgate do país. Além disso, está mais capitalizada, ao abrigo do memorando de entendimento para 2014. E se a banca portuguesa precisasse de mais recursos, ainda haveria dinheiro do empréstimo da troika (pelo menos metade dos 12 mil milhões de euros que foram cedidos à capitalização dos bancos).

Ainda assim, para os analistas, as condições da ajuda europeia ao Chipre, que passam por pesados impostos sobre os depósitos, podem matar a economia cipriota. E há quem considere que, apesar de o Chipre representar menos de 0,5% da economia da Zona Euro, pode ser «a pedra na engrenagem» que fará descarrilar toda a união monetária.

A própria Moody's garantiu que esta decisão pode levar à fuga de depósitos nos bancos dos países periféricos e levar a cortes nos ratings.

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