A actual conjuntura de crise favorece o crescimento da economia informal, com as pessoas e empresas a procurarem formas alternativas de sobrevivência, consideram os especialistas nesta área contactados pela Lusa.
«Em momentos de crise, a economia informal compensa as quedas da economia formal», ganhando importância, considerou Vasco Rodrigues, economista e professor da Universidade Católica do Porto, que em 2008 coordenou o estudo sobre economia informal encomendado pela COTEC.
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O aumento do desemprego leva a que as pessoas procurem alternativas de rendimento, que passam à margem da economia formal, acrescentou o mesmo especialista.
Além disso, as próprias empresas, que enfrentam maiores dificuldades, deixam de cumprir algumas das suas obrigações, por exemplo, as fiscais, ou a declaração de horas extraordinárias dos trabalhadores, notou Vasco Rodrigues.
Menos facturas
Os serviços domésticos, como pequenas reparações em que não se pede factura, também tendem a aumentar, segundo o mesmo professor.
Américo Mendes, economista e professor da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica Portuguesa do Porto e que participou no mesmo estudo para a COTEC, considerou também que «há factores favoráveis ao desenvolvimento desse tipo de estratégias de sobrevivência».
Com a tendência actual para a deslocalização de empresas para países com mão-de-obra mais barata, tem-se gerado alguma «precariedade nos postos de trabalho», favorecendo estratégias de sobrevivência que passam mais pela economia informal, acrescentou Américo Mendes. Além disso, a perda de empregos leva à procura de formas de sobrevivência que se fossem legalizadas não funcionariam.
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Já Carlos Pimenta, professor da Faculdade de Economia do Porto e especialista em economia informal, tem uma opinião diferente, já que adopta um conceito mais lato de economia informal.
Ilegalidades tendem a diminuir
«Creio que o período de crise tenderá a reduzir a economia não registada», uma vez que a componente da economia ilegal (a que tem mais peso na economia informal) tende a perder importância, afirmou.
Do lado da fuga fiscal, a economia informal tenderá a intensificar-se porque se encobrem mais resultados ou porque os prejuízos aumentam, argumentou o mesmo especialista, indo ao encontro da opinião de Vasco Rodrigues.
Do lado da economia ilegal, que tem vindo a crescer nos últimos anos, a tendência será para a diminuição, já que os Estados estão a prestar cada vez mais atenção a esta vertente e porque o branqueamento de capitais é mais difícil (a queda das bolsas atrapalha essa lavagem de dinheiro), argumentou Carlos Pimenta.
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