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Uma aula por mês «é pouco»

Governo quer institutir uma aula mensal de Educação Sexual nas escolas. «Não chega para aprofundar temas nem esclarecer dúvidas», defende pedopsiquiatra. «São pequenas alterações para não chocar os pais», dizem professores

Uma aula de Educação Sexual por mês e avaliação à disciplina. Estas são algumas das recomendações que figuram no relatório que o Grupo de Trabalho de Educação Sexual (GTES) entregou esta segunda-feira ao Ministério da Educação (ME). Todas as escolas deverão avançar com projectos de educação sexual até Junho.

«Uma aula por mês é pouquíssimo. Não chega para aprofundar os temas nem para tirar esclarecimentos. Se um aluno sai de uma aula com uma dúvida sobre um tema, no mês seguinte já não vai lembrar-se dele para perguntar ao professor. Entretanto, vai assimilar o que ouviu à sua maneira ou então esclarecer com os amigos, o que acaba por ser contraproducente», explica ao PortugalDiário a pedopsiquiatra do Hospital Magalhães de Lemos, no Porto, Zulmira Correia.

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A médica defende que, «no mínimo dos mínimos, deviam ser aulas quinzenais», uma vez que são discutidos «temas que geram muita confusão na cabeça dos jovens, como as doenças sexualmente transmissíveis».

«Se as dúvidas não forem devidamente esclarecidas, as aulas de Educação Sexual não servem para nada. Vamos voltar a mais do mesmo», defende a pedopsiquiatra.

Também os professores consideram que uma aula de Educação Sexual por mês é insuficiente. «É pouco, acaba por não permitir consolidar o conhecimento», diz ao PortugalDiário Rolando Silva, da Fenprof.

«A Fenprof está de acordo com a introdução curricular da Educação Sexual nas escolas, mas o formato em que vai ser feito é ainda insuficiente. É preciso uma escola mais interventiva», explica o representante da Federação Nacional de Professores.

«São passos muito pequenos e virados para a formação específica. Não respondem à necessidade de aconselhamento e ligação directa com os jovens», explica o docente.

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Rolando Silva acredita mesmo que seria benéfico «ter um gabinete de aconselhamento, onde se esclarecessem dúvidas e até se distribuíssem preservativos e, em caso de necessidade, a pílula do dia seguinte».

«Pequenas alterações para não chocar pais»

Para o representante da Fenprof, o GTES optou por «pequenas alterações para não provocar uma grande reacção dos pais, que normalmente têm alguma resistência a este assunto».

A verdade é que os pais parecem satisfeitos com as recomendações do grupo de trabalho para a Educação Sexual nas escolas: «São medidas muito positivas», diz ao PortugalDiário Maria José Viseu, presidente da Confederação Nacional de Associações de Pais (CONFAP).

O facto de ser apenas uma aula mensal sobre a matéria não parece insuficiente aos olhos dos pais, «desde que existam outras alternativas, como um gabinete de aconselhamento ou um professor disponível para esclarecer as dúvidas dos alunos nos intervalos entre as aulas mensais», explica a dirigente da CONFAP.

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Reduzir horário dos docentes para «poupar no orçamento»

No relatório que entregou na passada segunda-feira ao ME, o grupo de trabalho sugeriu grupo uma maior aposta na formação de docentes para a área da Educação Sexual e a redução de horário para professores que passem a leccionar estes temas.

«A sugestão da redução de horário passa obviamente por limitações orçamentais: é mais barato reduzir o horário de professores já contratados do que contratar outros para exercer a função», diz ao PortugalDiário Rolando Silva, da Fenprof.

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