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Professores são culpados do insucesso escolar

Ministra diz que filhos de funcionários e melhores alunos são beneficiados

A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, responsabilizou segunda-feira os professores pelo insucesso escolar e a falta de qualificação dos alunos e criticou o funcionamento dos estabelecimentos de ensino, noticia hoje a imprensa.

Na abertura de uma série de seminários, promovidos pelo Conselho Nacional de Educação, no Fórum da Maia, Maria de Lurdes Rodrigues disse que o trabalho dos professores «não se encontra aos serviço dos resultados e das aprendizagens».

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Maria de Lurdes Rodrigues lamentou também que a escola não esteja a combater as desigualdades sociais.

A título de exemplo, refere o Jornal de Notícias, a ministra referiu-se à organização dos horários escolares que, segundo sublinhou, privilegia os alunos melhores, assim como os filhos de funcionários das escolas.

«No conjunto de regras de funcionamento da escola tem de se lhe inscrever a preocupação com os resultados dos alunos, medidos quer nas provas de aferição, quer pela qualidade dos diplomas e das competências adquiridas pelos alunos», realçou.

Os professores não ficaram incólumes no discurso da ministra da Educação, que considerou ser uma classe com uma cultura profissional (que comparou com os médicos) que não têm como objectivo o sucesso educativo dos alunos, escreve o Diário de Notícias na sua edição de hoje.

«[Os docentes] Não são orientados para os casos mais difíceis. Os melhores professores ficam com os melhores alunos e os docentes com pior estatuto na casa levam com as turmas difíceis», afirmou a ministra, garantindo ainda não haver trabalho em equipa nas escolas.

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Alguns docentes presentes no evento não gostaram das palavras da ministra e protestaram, exortando a governante a adoptar um discurso que respeite a sua dignidade profissional.

A governante já apontou várias vezes a falta de mobilização da escola para os resultados dos alunos.

No início do mês, em Oliveira de Azeméis, Maria de Lurdes Rodrigues disse que o Ensino Secundário não pode continuar «a preparar alunos apenas para o acesso à universidade».

O cenário traçado segunda-feira pela ministra da Educação veio agravar o descontentamento dos professores, gerado pela apresentação das propostas de alteração ao Estatuto da Carreira de Docente, no fim-de-semana passado.

Para os sindicatos do sector, as declarações de Maria de Lurdes Rodrigues são «lamentáveis» e «perigosas».

Paulo Sucena, da Federação Nacional de Professores (Fenprof), assegurou ao DN que as acusações da ministra - dizendo que as escolas e os docentes não estão orientados para os resultados - «não correspondem à verdade pois, se assim fosse, não haveria professores a leccionar no interior ou nas áreas urbanas mais marcadas pela indisciplina dos alunos».

Já João Dias da Silva, da Federação Nacional de Educação (FNE), disse ao DN que «as generalizações são sempre perigosas e dão mau resultado».

Apesar de admitir que possa haver falhas em certos serviços, o responsável lembra todas as escolas que se preocupam com os resultados e até vão mudando a sua actuação em função deles, escreve o DN.

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