O advogado Miguel Matias, que defende os 32 casapianos que aguardam há oito anos o desfecho do mais marcante processo de abusos sexuais da justiça portuguesa, não tem quaisquer expectativas em relação à decisão do tribunal.
Confessa «estados de alma» que uns dias o levam a acreditar que haverá uma condenação, noutros nem por isso. No entanto, está seguro de que muita coisa ficou por contar numa investigação muito pressionada e contaminada por uma certa «histeria colectiva», diz o advogado numa entrevista ao «i».
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Os «estados de alma» do advogado são partilhados pelas vítimas. Segundo Miguel Matias: «O estado de espírito vai variando em função da própria estrutura emocional de cada um, porque são muitos e são diferentes. Há uns que estão mais ansiosos, outros que estão mais desligados, porque também têm ocupações profissionais ou académicas mais absorventes».
Questionado sobre eventuais dúvidas acerca dos relatos que ouviu, o advogado responde: «Nunca senti dúvida nenhuma sobre o que estou a fazer. Senti, pelo contrário, muita coragem naqueles miúdos, no que relataram. Senti também muita indignação pelo facto de terem relatado circunstâncias e factos que depois não foram bem investigados ou não foram conduzidos convenientemente.»
Não é exactamente a investigação que Miguel Matias põe em causa. Mas «foi todo o processo que foi conduzido, não digo que de forma consciente para um determinado fim, embora nalgumas circunstâncias até tenha dado essa sensação...».
Segue-se a pergunta: «Acredita que houve manipulações políticas e dificuldade dos investigadores em conduzirem o processo sem pressões?», e Miguel Matias responde: «Se houve manipulações políticas ou não, não sei. A única coisa que sei é que os políticos não estão no processo Casa Pia.»
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