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Álcool diminui capacidade de identificar emoções

Estudo científico realizado pelo investigador português

As pessoas dependentes do álcool apresentam um défice na identificação e caracterização da expressão facial das emoções básicas, revela um estudo científico realizado pelo investigador português Armindo Freitas-Magalhães, a que a Lusa teve hoje acesso.

«Pretendemos verificar até que ponto o álcool pode influenciar o reconhecimento das sete emoções básicas e concluímos que influencia», salientou o investigador, que dirige o Laboratório de Expressão Facial da Emoção, da Universidade Fernando Pessoa, Porto.

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As sete emoções básicas, cujo reconhecimento da expressão facial foi analisado neste estudo, são a alegria, desprezo, tristeza, surpresa, medo, cólera e aversão.

O estudo, intitulado «Expressão Facial: O reconhecimento das emoções básicas em dependentes do álcool», foi realizado entre 2005 e 2007, envolvendo 65 pacientes a quem foram diagnosticadas perturbações originadas pela utilização de álcool.

Os doentes, 45 homens e 20 mulheres, com idades entre os 25 e os 70 anos, foram acompanhados durante dois anos em contexto clínico pela equipa liderada por Freitas-Magalhães para estudar os efeitos da dependência do álcool no reconhecimento das emoções básicas.

«Nestes pacientes, as estruturas e funcionalidades cerebrais estão afectadas», frisou Freitas-Magalhães, salientando que «o álcool afecta a parte da cognição e está demonstrado que existe uma relação entre a parte cognitiva e as emoções».

Nesse sentido, recordou que, «se a parte cognitiva estiver afectada, a capacidade para identificar as emoções noutra pessoa também poder ser afectada».

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Segundo o investigador, esta situação, se não for devidamente tratada, poderá originar problemas ao nível da convivência social, nomeadamente pela adopção de condutas socialmente reprováveis.

As conclusões do estudo referem que os pacientes, ao percepcionarem as expressões exibidas por homens e mulheres, manifestaram «notória dificuldade» na identificação e caracterização das emoções básicas.

As dificuldades de identificação foram menores nas expressões faciais relativas à tristeza e à cólera, mas, segundo o estudo, acabaram por aumentar com o decurso do tempo de dependência do álcool.

A investigação liderada por Freitas-Magalhães permitiu ainda concluir que as mulheres são mais espontâneas na identificação e caracterização das emoções básicas do que os homens.

«Esta situação está relacionada com as diferenças que existem entre homens e mulheres ao nível do sistema cerebral. As mulheres têm mais propensão para identificar as emoções básicas, estão mais preparadas para esse reconhecimento», afirmou o investigador.

Este estudo, agora divulgado, será apresentado por Armindo Freitas-Magalhães no XXIX Congresso Internacional de Psicologia que se realiza, entre 20 e 25 de Julho de 2008, em Berlim, Alemanha.

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