O Deputy Chief Economist do banco, David Taguas, diz que a economia portuguesa vai acabar 2005 num «cenário delicado», de baixo crescimento e intensificação dos desequilíbrios estruturais, nomeadamente o do défice público. A situação, já se sabe, «levou o Governo português a implementar uma política orçamental restritiva que pressupõe custos no curto prazo, mas que é necessária para consolidar o crescimento a médio e longo prazo». O banco coloca, por isso, o crescimento previsto para a economia nacional nos 0,5% em 2005 e 0,9% em 2006.
O responsável, que falava na conferência de imprensa de apresentação da revista «Situação Portugal», citado em comunicado, lembrou que esta não é favorável e que, «no horizonte de previsão para 2005-2007 não se consideram crescimentos do PIB superiores a 1,5%».
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Contenção de salários e despesa pública são essenciais
O controlo da despesa pública e dos salários serão os factores chave para impulsionar a confiança empresarial e o investimento. «O consumo privado não vai sustentar o ritmo de crescimento dos dois últimos anos (2004 e 2005) devido aos sintomas claros de esgotamento demonstrado pelos principais factores determinantes do rendimento familiar», previne a instituição. Até porque a criação de emprego vai manter-se estagnada, e o nível de endividamento das famílias é elevado. Acresce que o sector externo «não vai contribuir para o crescimento económico devido à dificuldade das empresas para concorrer nos mercados externos».
Neste contexto, não são de esperar tensões nos preços, pelo que a inflação deverá ficar à volta dos 2,2% a 2,3% tanto em 2005 como em 2006, o que «contribuirá em boa medida para a contenção dos salários e dos custos laborais».
Crescimento potencial de Portugal abaixo da Zona Euro
Este cenário evidencia, segundo BBVA, «a necessidade de avançar com políticas de oferta que contribuam para impulsionar o crescimento potencial». Neste sentido, «a aprovação do Plano Nacional de Acção para o Crescimento e o Emprego 2005/2008, programa integrado na Estratégia de Lisboa, aponta na direcção correcta».
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Numa análise comparativa com outros países da União Europeia, nomeadamente Itália e Espanha, o banco concluiu que o ajustamento destas economias não ficou a dever-se apenas à perda de competitividade, mas também a outros factores, como a especialização comercial, o aumento elevado dos custos laborais unitários reais e as politicas de procura inadequadas.
A menor produtividade é apontada como um factor determinante no decréscimo do crescimento económico potencial de Portugal.
O banco prevê que na Zona Euro se verifique um crescimento cada vez mais dinâmico, que passará de 1,4% em 2005 para 2,4% em 2007, acompanhado de perspectivas de inflação relativamente favoráveis, abaixo dos 2% em 2007. Evoluções que antecipam que «as taxas de juro aumentem de forma moderada».
O crescimento potencial da economia da Zona Euro situar-se-á entre 1,4% e 1,9%, estimando-se para Portugal um crescimento potencial entre 1% e 1,6% na última década.
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