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Subida da inflação e taxas de juro pressionam mercados obrigacionistas

Investidores muito receosos no curto prazo

A crise de crédito deverá prolongar-se pelo 1º trimestre do próximo ano. A estimativa é da Schroders, que alerta que o mercado obrigacionista está sob pressão do cenário de subida da inflação e das taxas de juro.

Numa nota emitida esta 2ª feira, a gestora de activos lembra que, nos últimos meses, os mercados obrigacionistas mundiais foram influenciados por duas forças opostas: no início do ano, as obrigações registaram uma subida acentuada quando os receios de uma recessão nos EUA levaram os investidores a afastar-se das acções e a voltarem-se para os títulos de dívida pública relativamente seguros. No entanto, com os preços do petróleo e de outras matérias-primas a subir cada vez mais, os mercados obrigacionistas registaram fortes vendas, com os investidores a recearem que as taxas de juro já tenham caído tudo o que tinham a cair e que possam voltar a subir.

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A nota, assinada pelo Head of Global Fixed Income da Schroders, Bob Michele, admite que a crise possa prolonger-se até ao início do ano que vem porque, embora os principais bancos centrais do mundo tenham injectado um grande volume de liquidez no sistema bancário, os spreads em relação à LIBOR continuam elevados, uma vez que os bancos continuam a tentar libertar-se de balanços sobrecarregados de crédito mal parado.

Em grande medida, explica, «a liquidez dos bancos centrais só permite que os bancos financiem estas posições, não as eliminando dos seus balanços. Precisamos, por isso, que os investidores estejam dispostos a voltar a deter activos de maior risco e de ver diminuir os spreads em relação à LIBOR antes de podermos dizer que a crise terminou». Para já, considera, no entanto, que «à medida que os meses passam, a gravidade da crise está a diminuir».

Redução da inflação essencial para que estabilidade regresse

Para que a estabilidade regresse, «os investidores terão de assistir a uma diminuição das pressões inflacionistas», acrescenta o responsável.

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«Os mercados obrigacionistas atingiram um nível de volatilidade que não se registava há muitos anos. Na sua maioria, os investidores estão preocupados com um período prolongado de níveis muito elevados de inflação ou de estagflação (uma lenta estagnação do crescimento combinada com uma aceleração da inflação, que constitui uma situação complicada para a economia)», explica Bob Michele.

«A nossa opinião é que o abrandamento da economia mundial irá criar uma estagnação tanto nos mercados laborais como na produção fabril, ajudando por esta via a um declínio das pressões inflacionistas. Deveremos assistir a este decréscimo mais perto do final do ano, desde que o petróleo não suba para novos máximos. No entanto, no curto prazo, os investidores deverão manter-se muito receosos face à possibilidade de novos aumentos das taxas directoras por parte dos bancos centrais», refere na mesma nota.

Obrigações da zona euro menos atractivas

No cenário actual, a Schroders considera que as taxas de juro permanecerão inalteradas nos EUA e no Reino Unido por mais tempo do que aquele que o mercado actualmente prevê, «porque, nestes países, a fragilidade do sistema bancário e o sentimento dos consumidores é mais preocupante do que a ameaça de inflação». A gestora de activos acredita que só mais perto do final de 2009 ou mesmo em 2010 é que estes dois bancos centrais deverão aumentar as taxas de juro. Face aos níveis actuais, «estes mercados obrigacionistas deverão ter um bom desempenho».

«Quanto ao Banco Central Europeu, este tornou bem claro que irá combater o que considera uma inflação incipiente. Isto fará com que o mercado obrigacionista da zona euro seja relativamente pouco atractivo durante os próximos meses. As yields dos títulos de dívida pública a 10 anos da zona euro deverão aumentar para perto dos 5% de modo a descontarem a actual ameaça de agravamento das taxas por parte do BCE. As yields norte-americanas deverão manter-se aos níveis actuais, ou baixar ligeiramente no verão», conclui.

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