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«Não somos fiscais do fumo»

Donos de bares e restaurantes dizem que os fumadores estão a ser «perseguidos como toxicodependentes» e temem a «morte» das zonas históricas e o desemprego. Pedem o modelo espanhol. Partidos vão aprovar nova lei, mas ainda pode haver mudanças. O que pensa o leitor?

Esta quarta-feira a nova lei do tabaco deve ser aprovada na Assembleia da República. PSD, «Os Verdes» e o CDS-PP vão aprovar a proposta de lei do Governo na generalidade e o Bloco de Esquerda promete abster-se, caso o PS introduza alterações na especialidade. Mas também os populares e o partido ecologista pedem mudanças.

As associações que representam o sector da restauração estão contra a lei e tentam alertar para as consequências negativas. O debate na especialidade, pode «trazer» algumas alterações.

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Estão a «perseguir» os fumadores como «se fossem toxicodependentes», referiu ao PortugalDiário o presidente da Associação de Bares e Discotecas da Zona Histórica do Porto (ABZHP), António Fonseca. O Governo está a mover uma «cruzada» aos fumadores e não é com medidas drásticas que se resolve o problema do tabaco nos locais comerciais, diz.

Em comunicado, a Associação de Restauração e Similares de Portugal (ARESP) sustenta também que «a lei é altamente lesiva dos direitos e liberdades dos cidadãos», já que se uns têm direito a não «apanhar» com o fumo, outros têm o direito de fumar.

Restauração prefere lei espanhola

As associações que representam o sector não entendem por que razão Portugal «copiou» o modelo norte-americano em vez do espanhol. Preferiram um país «que não tem a riqueza arquitectónica de Portugal», frisou António Fonseca, aludindo aos espaços pequenos das zonas históricas nacionais.

Seria melhor «uma lei semelhante à de Espanha onde os empresários podem escolher se os estabelecimentos são para fumadores ou não e assinalá-lo na porta», explica António Fonseca. A ARESP lembra que «um estudo do Ministério da Saúde indica a preferência dos portugueses pela adopção do modelo espanhol».

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De acordo com os responsáveis da restauração, o Governo deveria apostar numa lei menos repressiva e em melhores sistemas de exaustão. Os responsáveis pedem também um período de transição de três anos para a aplicação da lei.

Centros históricos vão ficar desertos

O presidente da ABZHP lembra também que as zonas históricas podem ficar desertas. «No Porto, 90 por cento dos bares são exíguos e é impossível aplicar essa lei», explicou o responsável, que chama ainda a atenção para o provável encerramento de alguns estabelecimentos e o consequente desemprego.

Numa carta aberta enviada por esta associação ao ministro da Saúde, à qual o PortugaDiário teve acesso, António Fonseca convida Correia de Campos a visitar os restaurantes e bares do Porto para perceber as suas características.

«Não somos fiscais do fumo»

O Porto tem a particularidade de ter os dois extremos: mega espaços e pequenos estabelecimentos. A ABZHP teme pela extinção dos mais pequenos. E mesmo nas discotecas, António Fonseca não acredita que alguém vá controlar as pessoas. «Não somos fiscais do fumo», frisa.

Segundo o responsável, com a aprovação do diploma, acontecerá algo curioso: «Podemos vender bebidas alcoólicas a maiores de 16 anos, mas será proibido vender tabaco a menores de 18».

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