Numa estratégia concertada com o primeiro-ministro, e sem querer criticar o Governo anterior, Bagão Félix prepara-se para dramatizar perante os portugueses o desequilíbrio orçamental. Enquanto isto, Santana Lopes tentará na frente externa sensibilizar a nova Comissão Europeia para a necessidade de tornar mais flexíveis os critérios de avaliação das contas.
Santana Lopes, que esta semana almoçou em Lisboa com Durão Barroso, garantiu ao Expresso que «está fora de causa, por questões de princípio e de coerência, Portugal furar o tecto dos 3% do défice», mas prometeu «uma participação intensa na revisão do Pacto de Estabilidade e Crescimento» e confessou esperar flexibilidade de Bruxelas.
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Entretanto, segundo o mesmo jornal apurou, está já em estudo no seio da nova equipa que vai dirigir os destinos da União Europeia a possibilidade de aliviar as penalizações para os países que não conseguirem cumprir os 3% mas que nos últimos anos têm respeitado as metas não só do défice como da dívida pública. Portugal está nesta situação.
Com a necessidade de arrecadar 1.500 milhões de euros em receitas extraordinárias, e sem Bruxelas ter dado ainda luz-verde à inclusão neste valor da venda do gás da Galp à EDP, Santana tem pela frente uma equação difícil. Até porque os autarcas, pela voz de Fernando Ruas, presidente da Associação dos Municípios, deixam um aviso: «Se há derrapagem na despesa, a culpa não é nossa. Aceitámos apertar o cinto durante dois anos mas não abdicaremos do que nos foi prometido. A partir de agora, acabou».
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