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EUA acusam "neutral" África do Sul de fornecer armas à Rússia. "Armar os russos é um assunto extremamente sério"

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Embaixador Reuben Brigety referiu que os Estados Unidos têm “fortes preocupações” sobre o incidente, uma vez que não consideram que estas ações reflitam o estatuto neutral adotado

O embaixador dos Estados Unidos na África do Sul, Reuben Brigety, acusou esta quinta-feira o país africano de fornecer armas à Rússia através de um navio russo que atracou numa base naval.

"Entre as coisas que observámos está a atracagem de um cargueiro na base naval de Simon's Town, entre 6 e 8 de dezembro de 2022, o que nos leva a crer que o navio carregou armas e munições em Simon's Town enquanto regressava à Rússia", disse o diplomata, citado pelo Financial Times. "Armar os russos é um assunto extremamente sério, e não consideramos este problema resolvido."

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Brigety referiu que os Estados Unidos têm “fortes preocupações” sobre o incidente, uma vez que não consideram que estas ações reflitam o estatuto neutral adotado pela África do Sul.

O Departamento de Estado dos EUA também levantou esta questão diretamente ao governo sul-africano. "Temos sido muito claros e não temos poupado palavras sobre a possibilidade de qualquer país tomar medidas para apoiar a guerra ilegal e brutal da Rússia na Ucrânia, e continuaremos a dialogar com parceiros e países sobre este assunto”, disse o porta-voz Vedant Patel.

Questionado pelos jornalistas, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, não negou a acusação. "Estamos a investigar este assunto", disse, citado pela Reuters. Em comunicado, no entanto, o seu gabinete presidencial lamentou o tom acusatório de Brigety, numa altura em que as conversações já decorriam.

“É dececionante que o embaixador dos Estados Unidos tenha adotado uma posição pública contraproducente, que prejudica o entendimento alcançado sobre o assunto e os compromissos muito positivos e construtivos entre as duas delegações", pode ler-se na nota.

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Já esta sexta-feira, Mondli Gungubele, ministro que lidera o Comité Nacional de Controlo das Armas Convencionais, afirmou que a África do Sul não aprovou o envio de armas para a Rússia. Em entrevista à rádio local 702, citado pela Reuters, Gungubele referiu que seria “ilegal” e “inapropriado” que um navio destinado à Rússia fosse carregado com armamento.

O governo de Ramaphosa está debaixo de fogo por parte da oposição. John Steenhuisen, líder da oposição e da Aliança Democrática, pediu um debate de urgência no parlamento nacional sobre este tema, e afirmou que as palavras do embaixador norte-americano “colocam em causa a transparência” do partido no poder, o Congresso Nacional Africano (ANC, em inglês).

Após as palavras de Brigety, o rand, moeda nacional da África do Sul, caiu para o valor mais baixo desde abril de 2020.

A administração sul-africana tem sido muito criticada pela sua posição em relação à invasão russa da Ucrânia. Apesar de se declarar oficialmente como país neutral, algumas ações, como a realização de exercícios navais conjuntos com a Rússia em fevereiro, levam a crer que o país tem uma posição favorável a Moscovo.

Também o convite a Vladimir Putin para participar in loco na cimeira dos BRICS, que se realizará em Joanesburgo no mês de agosto, motivou reações mais duras do Ocidente. No entanto, a iniciativa revelou-se prejudicial para o executivo de Ramaphosa após o Tribunal Penal Internacional (TPI) ter emitido um mandado de captura internacional para o presidente russo. Caso Putin se desloque a Joanesburgo, a África do Sul, sendo membro do TPI, seria forçada a deter o líder russo.

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