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Passados 17 dias, a acalmia acabou. Explosões regressam ao Mar Vermelho e ataques dos Houthis podem atingir novos níveis

Desacelerar dos ataques no Mar Vermelho foi uma "surpresa" estratégica, mas se Benejamin Netanyahu avançar com a operação terrestre em Rafah a resposta será imediata e sem precedentes

Há 17 dias que não havia registo de qualquer ataque dos rebeldes Houthis no Mar Vermelho ou no Golfo de Áden. Até que, esta quarta-feira, as sirenes voltaram a soar depois do surgimento de alertas para uma explosão nas águas do Mar Vermelho junto ao porto de Djibouti, no estreito de Bab al-Mandab.

UKMTO DAILY SUMMARY 1600UTC 23 Apr 24 to 1600UTC 24 Apr 24https://t.co/DQ9L4E6Ddt#MaritimeSecurity#MarSecpic.twitter.com/0x23mjUaHq

— United Kingdom Maritime Trade Operations (UKMTO) (@UK_MTO) April 24, 2024

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O último ataque reivindicado pelos Houthis do Iémen, apoiados pelo Irão, ocorreu a 10 de abril, no entanto, o último relato de um ataque aconteceu a 7 de abril, como partilhou a agência marítima britânica que monitoriza as Operações de Comércio Marítimo do Reino Unido (UKTMO, na sigla original): “Comandante de navio relata impacto de míssil na água nas proximidades da embarcação”.

Relatório do incidente a 7 de abril, partilhado pela UKTMO.

A questão que permanece sem resposta é o que se passou nestas mais de duas semanas e a nova explosão marca o retomar dos ataques? O especialista em Relações Internacionais e comentador da CNN Portugal Tiago André Lopes que tudo se prende com discussões da proposta de paz no Iémen, que coloca de um lado os rebeldes Houthis e do outro o Governo do Iémen.

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Tiago André Lopes alerta que este pode ter sido "um falso abrandamento", porque o propósito primário dos Houthis já foi cumprido: a maioria das grandes transportadoras marítimas globais já alteraram as suas rotas para evitar tanto o Golfo de Áden, como o Estreito de Bab al-Mandab e o próprio Mar Vermelho.

"O que tem aconteceu neste últimos dias é que os Houthis têm tentado desacelerar os ataques, porque há uma discussão de proposta de paz no Iémen em cima da mesa. No entanto, este é um falso abrandamento, até porque as rotas de muitas das grandes transportadoras já foram alteradas", explica.

O especialista em Relações Internacionais reconhece que esta contenção das manobras dos Houthis surgiu como uma "surpresa" estratégica, na mesma altura em que o Irão respondeu com um bombardeamento massivo com mais de 300 drones e mísseis ao ataque israelita contra o consulado iraniano em Damasco: "Esperava-se que houvesse um aumento da pressão dos Houthis no Mar Vermelho", esclarece, acrescentando que, no entanto, "não há uma ligação direta entre a pausa e o ataque contra Israel".

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Findada a acalmia, há agora um detalhe que pode ainda ser gatilho para que os ataques no Mar Vermelho evoluam para níveis que ainda não foram vistos desde o início do conflito: a prometida operação em Rafah de Benjamin Netanyahu.

O primeiro-ministro de Israel tem vindo a prenunciar uma operação militar terrestre das Forças de Defesa de Israel na cidade palestiniana do sul de Gaza, mas que até ao momento não se cumpriu. No entendimento de Tiago André Lopes, assim que a movimentação militar israelita começar "haverá um imediato aumento dos ataques no Mar Vermelho como resposta dos rebeldes Houthis".

Desde do início deste tipo de "manobras [Houthis] de apoio ao povo palestiniano de Gaza", já foram atacados cerca de 100 navios mercantes e militares no Mar Vermelho e no Golfo de Áden. Os rebeldes do Iémen garantem que todas as embarcações que foram consideradas alvos estavam "ligadas ao inimigo israelita".

"Ninguém nos pode impedir de levar a cabo as nossas operações de apoio aos palestinianos em Gaza. Não têm outra alternativa senão pôr fim ao bloqueio e à agressão em Gaza", disse o porta-voz dos Houthis, Yahya Sare'e, no dia 18 de abril.

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Para Tiago André Lopes, acreditar-se que é o Irão quem está a coordenar todos os ataques dos Houthis é uma "versão demasiado simplista", tal como é dizer-se que Teerão é o maestro que direciona o Hamas, a Jihad Islâmica ou o Hezbollah. O comentador da CNN Portugal lembra que estes grupos armados "têm agendas muito próprias" e que o mundo está a assistir "a uma transposição de ideias de autores islâmicos do séc. XVII e XVIII para a realidade" no Médio Oriente.

Pegando nesta mesma linha de pensamento, o especialista defende que a pretensão de extinguir qualquer uma destas fações é algo irreal. Exemplificando com o que se passa na Faixa de Gaza, o especialista lembra que "a morte real do Hamas não é possível, porque se trata de uma conjugação de ideias e os seus estão fora da Palestina". 

"A hidra não pode morrer, porque as cabeças estão espalhadas pelo Médio Oriente, diz Tiago André Lopes que culmina lembrando, mais uma vez: "As ideias são à prova de bala" e todos estes grupos nada mais são do que ideias comuns a um grupo alargado pessoas.

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