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Angola: portugueses detidos sem ver queixa

Três homens dizem ter passado fome e que lhes foi pedido dinheiro

Os três portugueses detidos no Huambo por alegada suspeita de garimpo ilegal de diamantes e que vão ser presentes ao juiz na sexta-feira, garantiram à Agência Lusa na prisão que nunca viram nenhuma queixa escrita contra eles.

«Nunca vimos nenhum papel escrito. Não tenho nenhuma queixa escrita», afirmou Rui Manuel da Silva Gouveia à Lusa, numa conversa no gabinete do director da prisão da comarca do Huambo em que estavam os três portugueses.

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Este engenheiro industrial de 39 anos, natural de Minhotões, Barcelos, contou que o seu passaporte e o de Orlando Francisco da Silva Rodrigues, de Vermoim, Vila Nova de Famalicão, que completou 47 anos no passado dia 8, foram confiscados pelas autoridades, sem qualquer justificação, nem comprovativo.

O mesmo Rui Gouveia tinha negado, na semana passada à Lusa, qualquer envolvimento no caso, garantindo que não estava detido e se encontrava a participar num raid Todo o Terreno na província do Cuanza Sul.

«Passámos fome»

Rui Gouveia e Orlando Francisco foram transferidos ao final da tarde de terça-feira das celas da primeira esquadra do Huambo, onde estavam detidos, para a prisão da comarca, situada na mesma cidade.

«Já estivemos presos em três sítios diferentes. Primeiro ficámos cinco dias a dormir no jipe no Bailundo, porque só o jipe é que estava preso», disse Rui Gouveia.

«Passámos fome, ponha aí que passámos fome», desabafou Orlando Rodrigues, o mais exaltado dos três.

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Os portugueses dizem que essa primeira detenção aconteceu a 15 de Março e desde essa data muita gente lhes pediu dinheiro.

«Tivemos de pagar para ter uma cela separada dos outros detidos», frisou Rui Gouveia.

«No fim disto tudo, quando já estivermos em Lisboa, vamos falar tudo, vamos publicar a lista de todos os corruptos de Angola», referiu Rui Gouveia, durante a conversa no gabinete do director da prisão da comarca do Huambo.

O terceiro português envolvido neste caso, Manuel Lizandro Gordo, natural da Vidigueira, e que as autoridades garantiam estar em fuga, apresentou-se voluntariamente na terça-feira com o seu advogado e no dia seguinte pela manhã juntou-se aos outros dois na prisão da comarca.

Lizandro Gordo põe em causa a versão posta a circular pela polícia, dizendo que nunca esteve em fuga porque simplesmente não sabia de nenhuma ordem de detenção.

«Eu trabalho na construção, sou electricista, estive em Luanda a apresentar uns orçamentos e não sabia de nada. Quando soube da história, regressei ao Huambo com a minha mulher - deixei a minha filha de dois anos em Luanda - e apresentei-me na DEFA (antiga sigla do actual Serviço de Migração e Estrangeiros - SME)», referiu à Lusa.

Foi o director da prisão da comarca do Huambo quem disse à Agência Lusa que os três portugueses vão comparecer em tribunal na sexta-feira. Paulino Neto afirmou ainda que a ordem do juiz relativa à transferência dos detidos para o estabelecimento prisional que dirige refere apenas que os portugueses «são acusados de permanência ilegal no território».

Quanto à suspeita de garimpo ilegal, referida pelo director do SME no Huambo, Manuel António Miguel, e que segundo o vice-governador Mateus Forma Frederico consta do processo, Paulino Neto disse desconhecê-la.

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