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Fogos: PJ investiga alegado interesse económico

São vários os motivos que levam alguém a incendiar uma floresta. Interesses urbanistícos, vinganças e até casos de amor mal resolvidos. Judiciária garante que as suspeitas são todas investigadas

A Policia Judiciária tem em mãos um processo de alegado fogo posto em que existem suspeitas de interesses económicos na origem das laberedas. Apesar de não concretizar pormenores do processo, ainda em investigação e como tal em segredo de justiça, Pedro Carmo, director adjunto da PJ avança outra ideia ao PortugalDiário: Apesar deste caso isolado, é preciso desmistificar a ideia de que são os interesses económicos que estão na origem dos grandes fogos florestais.

«Os elementos que temos disponíveis não apontam para essa realidade. Apontam sim para uma diversidade de factores, dolosos e não só. São pontuais os casos em que surgem indícios de que existiram mandantes para o fogo posto. Na maior parte dos crimes de incêndio estamos perante suspeitos que agem isoladamente», afirma o director adjunto da Directoria de Coimbra, um dos principais distritos onde têm sido detidos mais incendiários.

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Também a ideia de que são indivíduos com perturbações mentais os principais responsáveis pelo fogo posto deve ser posta em causa. «Nem sempre são pessoas perturbadas. Muitas vezes a distância entre a intenção do criminoso e o resultado das chamas são muito díspares», alega o responsável. Isto é, em algumas localidades, as vinganças entre vizinhos ou entre amantes são levadas a cabo através das chamas. O resultado de um fogo na propriedade de um vizinho é por vezes um grande incêndio florestal.

Pedro Carmo garante ainda que não só não existem elementos que permitam identificar a existência de redes criminosas como também não há factos que sustentem as acusações de que o fogo vem do ar. Ou seja, segundo a PJ, os meios aéreos nunca foram até hoje a origem de fogos.

Das populações surgem relatos de objectos atirados dos aviões Canadair e de helicópteros. «Nunca encontramos artefactos pirotécnicos que possam ter sido enviados pelos meios aéreos e que daí tenha resultado um incêndio», defende Pedro Carmo. Uma outra fonte policial explicou ao PortugalDiário que os objectos atirados dos aviões são muitas vezes bombas de água com um rastilho que ao ser atingido pelas chamas provoca uma explosão de água, o que combate eficazmente o aumento das labaredas.

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Apesar de a PJ não ter indícios que apontem a existência de fogo posto com motivações económicas, a suspeita existe. O número elevado de ignições, por vezes durante a noite, ou os locais estratégicos que ardem é para muitos duvidosa. Segundo o que o PortugalDiário apurou, existiram durante a década de 90 incêndios provocados tendo como objectivo o lucro da industria madeireira. Um relatório confidencial da PJ na época dava conta dessa realidade. Uma fonte contactada pelo nosso jornal garante que essa é uma situação que hoje já não se verifica.

O mesmo não se poderá dizer dos interesses urbanísticos. A construção de empreendimentos em zonas florestais e estrategicamente localizadas é atraente a muitos investidores e poderá estar na origem das últimas vagas de incêndios. A PJ, mais uma vez, não confirma, mas deixa no ar a existência de casos pontuais.

As suspeitas vão manter-se até que a PJ encontre indícios de algo mais. Pedro Carmo esclarece ainda que não existem provas, mas que também não existem suspeitas por investigar. «A PJ chega sempre a um fogo de mente aberta. Todas as hipóteses são postas em cima da mesa, mas com o decorrer das investigações constactamos que na realidade a grande maioria dos fogos começam isoladamente».

As causas dos incêndios passam por vários factores que levam Portugal a ser responsável por 37 por cento da área ardida da Europa do Sul, como revela na edição desta quarta-feira, o Diário de Notícias. No entanto, para alguns responsáveis, o problema é português e está centrado na dificuldade de articulação entre todos.

O exemplo mais concreto espelha os contactos e esforços existentes entre o Ministério Público e a PJ no sentido de «afinar» as detenções feitas e as medidas de coação impostas.

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