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Quando o combate aos fogos começa no Inverno

Em Mortágua existe uma pista equipada para o abastecimento de aeronaves, com água e retardante, que até hoje não foi necessário utilizar na área do concelho

No concelho de Coruche metade da área florestal está à guarda da Associação dos Produtores Florestais (APFC). Apesar de ser considerada uma zona de baixo risco de incêndio, em 1991 viu arder cinco mil hectares. A tragédia deu o mote à criação, nesse mesmo ano, da APFC, que presta apoio técnico na gestão dos espaços florestais e na defesa contra incêndios.

O sucesso assenta em quatro pilares essenciais: sete equipas de detecção e primeira intervenção rápida constituídas por três sapadores florestais e uma viatura equipada com kit de combate, com depósito de 600 litros, abafadores e ferramentas diversas; um sistema de comunicações via rádio que interliga 65 explorações associadas e que permite cobrir toda a área em que o sistema funciona; uma rede de observação com base nos três postos de vigia existentes; grupos de dois tractores, equipados com grades, que actuam em qualquer situação, sempre que preciso e quando alertados pelos meios de primeira intervenção.

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Por outro lado, o programa «Cantar de galo» permitiu divulgar a problemática da protecção da floresta contra incêndios a 40 mil crianças.

A ausência de um sistema de comunicação directa com os bombeiros, «que nunca nos foi facultado e nos é negado constantemente» continua a ser, segundo o director da APFC, António Ferreira, em declarações ao PortugalDiário, um dos principais problemas.

Durante este Verão não houve um único grande incêndio, sendo que «em 70 por cento dos alertas de incêndios, as equipas da associação foram as primeiras a chegar ao local, mesmo antes dos bombeiros», conclui este responsável.

O terceiro «oásis» situa-se no concelho de Mortágua, na zona centro do país, «encravado» entre as serras do Buçaco e do Caramulo. Possui uma área de 25 mil hectares em que 85 por cento do território é ocupado por floresta privada. Plantações contínuas de eucaliptos, com algumas manchas de pinheiro bravo formam a paisagem florestal. Quase toda a população possui uma pequena parcela de floresta, que ronda o meio hectare.

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Até à década de 90 o concelho era ciclicamente percorrido por grandes incêndios que devastavam várias áreas de floresta. Nos últimos anos, não obstante terem deflagrado diversos fogos florestais, a área ardida é praticamente nula.

Não é seguramente por «sorte» ou «protecção divina» que tal acontece, conforme ironizou durante o seminário, realizado em 2004, o chefe de divisão do Ambiente e qualidade de Vida da Câmara municipal, Albano Duarte. A autarquia em conjunto com outras entidades concelhias, das quais se destacam as juntas de freguesia, bombeiros voluntários e associação de produtores florestais, tem trabalhado de forma planificada e integrada no «projecto de valorização e protecção da mancha florestal do concelho de Mortágua»

Primeiro fez-se a carta de riscos de incêndio, logo a seguir avançou-se com as campanhas de sensibilização, que obtiveram a melhor resposta dos munícipes. Só assim foi possível abrir cerca de 800 caminhos, «que esventraram» a mancha florestal, e criar dezenas de pontos de água que servem para combater incêndios mas também para a recuperação de ragadios.

Por estas bandas, o combate aos fogos começa no Inverno. Autarquia, associação dos produtores florestais e GNR mobilizaram esforços com meios de patrulha. E entre Junho e Setembro a Câmara dispõe de uma equipa com duas motorizadas, a circular 24 horas por dia. A Associação dos Produtores Florestais dispõe de três equipas, com três viaturas de todo-o-terreno, 24 horas por dia e a GNR conta com uma patrulha de três elementos a cavalo, durante o dia. A floresta é habitada, sendo que as 92 aldeias estão espalhadas por todo o território.

E quando a prevenção funciona, o combate fica sem o que fazer. Senão veja: «Construímos uma pista operacional alternativa equipada para o abastecimento de aeronaves, com água e retardante, que felizmente até hoje não foi necessário utilizar na área do concelho».

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