Já fez LIKE no TVI Notícias?

Meios de prevenção e combate aos fogos são «suficientes»

Especialistas afirmam que se pode até «gastar menos». Cabe ao poder político fazer a «gestão racional dos recursos». E não faltam críticas à forma como tem sido resolvido o problema

Portugal não precisa de mais recursos para a prevenção e combate aos incêndios florestais e poderá até fazer face aos fogos de Verão com menos dinheiro do que o que gasta habitualmente. A conclusão é de vários especialistas e será publicada na próxima edição da «Revista Indústria», da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP).

Pedro Moura, coordenador da iniciativa da Associação Empresarial para a Inovação (COTEC) sobre Incêndios Florestais, não tem dúvidas: «O País não precisará de gastar globalmente mais recursos que os actuais na prevenção e combate aos incêndios florestais». Mas o engenheiro vai mais longe e afirma que «talvez possa até gastar menos. Para isso tem que gastar o que tem de uma forma mais inteligente, mais responsabilizada, mais disciplinada».

PUB

Para o engenheiro, a curto prazo, o problema do combate aos incêndios resolve-se através da «organização e gestão», mas, a longo prazo, a questão depende «da capacidade de desenvolver e inovar». Pedro Moura considera que cabe ao «poder político uma responsabilidade decisiva», até para Portugal deixar de «ocupar uma posição indesejável no ranking mundial».

Francisco van Zeller, presidente da CIP, é da mesma opinião: «Há, em Portugal, nesta matéria como em muitas outras, um problema crónico de organização, racionalização e gestão de pessoas e de recursos. Esta é uma responsabilidade do poder político».

E, no que diz respeito aos meios disponíveis, o presidente da CIP também concorda com o coordenador da COTEC: «Os recursos financeiros actualmente afectos à prevenção e combate aos incêndios florestais são suficientes. O que é necessário é gerir esses recursos com competência e eficácia».

O presidente da CIP recorda que «as causas humanas estão na origem da maioria dos incêndios florestais mas as causas naturais, como as ondas de calor observadas em 2003 e 2004 e, agora, a seca, têm vindo a potenciar a severidade dos incêndios». Feito o diagnóstico, van Zeller aponta a solução: «reforço da vigilância», com recurso «às redes de telecomunicações e a televigilância».

PUB

Para Luciano Lourenço, presidente da Agência para a Prevenção de Incêndios Florestais (APIF), a palavra de ordem é «prevenção». «A defesa da floresta assenta basicamente num vasto conjunto de medidas e acções estruturais e operacionais relativas à prevenção, sensibilização, silvicultura preventiva, vigilância, detecção, rescaldo, vigilância pós-incêndio e fiscalização», explica o presidente da APIF.

Mas a actuação da APIF, assim como das outras «entidades governamentais» foi alvo de criticas de Domingos Xavier Viegas, professor catedrático da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. «Em vez de se estudar o bom ou o mau desempenho da estrutura e das suas instituições [...] optou-se por fazer reformas de fundo, criando novas instituições e alterando profundamente a estrutura e consequentemente a estratégia nacional. Em vez de se analisar a razão pela qual as diversas leis e normas regulamentares não eram cumpridas ou implementadas, fizeram-se novas leis», afirmou.

PUB

Segundo o professor, os incêndios florestais de 2003 mostraram-nos «a vulnerabilidade do nosso País e do nosso sistema agro-florestal face a condições naturais extremas» e «a impreparação das nossas estruturas - incluindo neste conceito as instituições não governamentais e governamentais, do sector agro-florestal e de protecção civil - para defenderem a nossa floresta e a nossa população face a esta calamidade».

Domingos Xavier Viegas afirma que é «utópico pretender eliminar os incêndios dos nossos meios rurais ou florestais, contudo considera que «a redução do problema dos incêndios florestais, deveria ser um desígnio nacional, mobilizador de vontades [...] para além dos credos políticos», mas segundo o professor, não é isso que se verifica.

O professor deixa um aviso: «Há acções que podem e devem ser feitas, muitas delas com um carácter de urgência». Até porque a época de incêndios está aí à porta.

PUB

Últimas