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Figuras do «Abril» guineense ainda mantêm poder no país

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«Forças Armadas ainda influenciam a vida política do país», afirma Huco Monteiro

A situação militar na Guiné-Bissau em 1974 contribuiu para a revolução de 25 de Abril em Portugal, mas, 35 anos depois, ao contrário da antiga potência colonizadora, o país africano ainda mantém os protagonistas desse período no poder.

«O drama da Guiné é que os homens do nosso Abril ainda estão no poder e as Forças Armadas, que deviam cada vez mais recuar por terem cumprido a missão histórica da libertação nacional, estão cada vez mais presentes na vida do nosso povo», considerou à Lusa o analista político guineense Huco Monteiro.

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Huco Monteiro, que também foi ministro da Educação e dos Negócios Estrangeiros do país, entende que, depois do 25 de Abril, Portugal avançou para a estabilidade e, na Guiné-Bissau, as «Forças Armadas ainda influenciam a vida política do país».

Guerra colonial na Guiné-Bissau influenciou 25 de Abril

Segundo o analista, a guerra colonial na Guiné-Bissau terá influenciado o 25 de Abril de 1974 em Portugal, porque era a colónia que mais problema causava ao exército colonial.

«Costumamos dizer que o 25 de Abril se deve muito à guerra da Guiné-Bissau», afirmou.

«A Guiné-Bissau era o território mais pequeno das colónias que estavam em guerra e era o país que causava mais problemas ao exército colonial», explicou Huco Monteiro, que actualmente lidera o gabinete de combate à sida no país.

«Muito rapidamente se chegou à conclusão que não havia solução militar para o problema que se vivia, que era a luta pela independência», acrescentou Huco Monteiro.

«Isso aconteceu durante os anos 60, mas teve o seu apogeu quando o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) pôs em questão a supremacia aérea do exército colonial, nos anos 70», disse.

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Independência da Guiné-Bissau não esperou pelo 25 de Abril

As forças do PAIGC começaram a abater aviões e essa contestação clara da supremacia aérea portuguesa retirou a iniciativa ao exército colonial português e desmoralizou as tropas, sublinhou.

«Criou contradições entre as chefias e, se formos a ver o elenco daqueles que fizeram o 25 de Abril em Portugal, uma grande parte veio da Guiné-Bissau, nomeadamente o Otelo Saraiva de Carvalho», observou.

Deste ponto de vista, a Guiné-Bissau influenciou bastante o 25 de Abril e «facilitou a conclusão do processo de independência».

«A Guiné-Bissau não esperou pelo 25 de Abril para ser um país independente. Em 1973 nas Colinas de Boé, o PAIGC proclamou a independência tal como Amílcar Cabral a tinha sonhado e anunciado ao mundo», lembrou.

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