O novo presidente da Gâmbia, Adama Barrow, que foi obrigado a fugir para o Senegal por temer pela vida e a tomar posse na sua embaixada em Dakar, vai regressar ao país na quinta-feira, depois de mediadores terem alcançado um acordo com o presidente cessante Yahya Jammeh, para que deixe o cargo, disse uma assessora à agência Reuters.
No poder há 22 de anos graças a um golpe de estado, Yahya Jammeh desafiou a comunidade internacional e recusou-se a entregar o poder a Adama Barrow, o vencedor das presidenciais de 1 de dezembro, que agora enfrentará a tarefa de restaurar a democracia no país.
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"Ele [Barrow] saíra amanhã [quinta-feira] de Dakar e chegará a Banjul por volta das 16:00 (a mesma hora em Lisboa) ", afirmou a assessora Amie Bojang.
Os esforços diplomáticos para resolver a transição de poderes na Gâmbia não deram qualquer resultado até dia 18 de janeiro. Um dos negociadores, o presidente da Mauritânia, Mohamed Abdel Aziz deixou Bajul, a capital gambiana, e reuniu-se na madrugada do dia 19 no aeroporto de Dakar com o hómologo senegalês Macky Sall e com o próprio Adama Barrow.
Yahya Jammeh lançou a Gâmbia no caos em dezembro de 2016, quando decidiu não reconhecer o resultado das eleições presidenciais. De início Jammeha aceitou a derrota, mas uma semana depois, a 9 de dezembro, voltou atrás. O presidente cessante ainda conseguiu que o Parlamento lhe prolongasse o mandato por mais três meses para que se repetissem as eleições.
No dia 18 de janeiro, Yahya Jammeh declarou o estado de emergência no país. Isto à medida que o vice-presidente Njiie Saidy e vários ministros se iam demitindo. Desde o início da terceira semana de janeiro que os titulares das pastas dos Negócios Estrangeiros, Finanças, Saúde e Informação já tinham abandonado os respetivos ministérios.
Yahya Jammeh cedeu finalmente no passado sábado, dia 21, e foi para o exílio na Guiné Equatorial sob pressão diplomática. Isto depois de no dia 19 uma força militar, composta por milhares de soldados e mandatada pelos 16 países da Comunidade Económica da África Ocidental (CEDEAO), sob comando senegalês, ter entrado na Gâmbia e o terem obrigado a ceder o cargo ao novo presidente.
Muitos gambianos, escreve a Reuters, estão com raiva por Yahya Jammeh ter fugido para o que apelidam de um luxuoso exílio, em vez de enfrentar julgamento por alegadas violações dos direitos humanos.
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