A Coreia do Norte acusou hoje a Coreia do Sul de ter ultrapassado a fronteira conhecida como Linha de Limite do Norte e ter assim invadido as suas águas territoriais. O país do norte da península ameaçou ainda uma acção militar contra o vizinho do sul, segundo se pode ler numa mensagem enviada às forças armadas sul-coreanas e citada pela agência de notícias Korean Central.
«Essa é uma provocação deliberada que tem intenção de provocar outro conflito militar no Mar Amarelo e, por isso, coloca em posição de guerra as actuais relações norte-sul, que atingiram o ponto mais baixo», diz o texto, acrescentado que o norte «vai colocar em vigência medidas militares práticas para defender as suas águas, como já deixou claro, e o sul será totalmente responsável por todas as consequências».
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De acordo com outra agência, a Yonhap, o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-il, ordenou que o exército do seu país esteja pronto para o combate com a Coreia do Sul, cujo governo apelidam de «gangsters militares, dominados pela febre da guerra», já que nos últimos dias dezenas de navios sul-coreanos terão invadido águas norte-coreanas.
Já um porta-voz do exército da Coreia do Sul negou que qualquer um dos navios do país tenha ultrapassado a fronteira, desenhada pelos aliados da Coreia do Sul depois da guerra de 1950-53. Os vizinhos do norte recusam-se a aceitar a linha e reivindicam que esta passa mais a sul. O local foi cenário de batalhas entre 1999 e 2002 e de um incidente que deixou um barco de patrulha norte-coreano em chamas em Novembro do ano passado.
Também a Coreia do Sul tem acusações a fazer à Coreia do Norte, já que na semana passada o seu governo revelou os resultados de uma investigação multinacional que concluiu que um submarino norte-coreano torpedeou um navio militar sul-coreano, chamado Cheonan, no dia 26 de Março, perto de uma fronteira marítima disputada pelos dois países. No incidente, 46 pessoas morreram.
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A Coreia do Sul quer então punições para a Coreia do Norte, como a suspensão do comércio com o vizinho do Norte.
Entretanto a Coreia do Norte decidiu romper as relações com os vizinhos do sul e cortar todas as comunicações entre os dois países. De acordo com a agência KCNA, Pyongyang vai também expulsar todos os sul-coreanos que trabalham num parque industrial conjunto, na cidade fronteiriça de Kaesong.
Especialistas duvidam no entanto que as duas Coreias procurem de facto uma guerra. «Os investidores ficaram hesitantes já que esta situação pôs em evidência os riscos geo-políticos da Coreia do Sul. E o timing destas notícias não podia ser pior, já que o sentimento dos mercados já estava tremido com os receios financeiros da zona euro», disse Hwang Keum-dan, um analista de mercados financeiros à Reuters.
Uma reunião de emergência está convocada para amanhã e o assunto deve ser levado à Organização das Nações Unidas pela Coreia do Sul.
Para já os Estados Unidos e a China estão prudentes em relação à tensão norte-sul. Hillary Clinton, a secretária de Estado norte-americana, disse que o país quer paz e estabilidade na peninsula coreana, mas sublinha que o caminho para lá chegar pode ser difícil, posição partilhada por Pequim. Quanto ao relatório que relata o afundamento do navio militar sul-coreano, chamado Cheonan, norte-americanos condenam-nos, chineses mantêm o silêncio.
Já a Rússia, pela voz do presidente Medvedev, quer prevenir a «escalada de violência» entre as duas Coreias.
Coreia do Sul e Coreia do Norte estão ambas no Mundial de 2010, e até se podem encontrar no decorrer da competição. Um encontro que pode ser escaldante.
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