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Campeã de xadrez não vai ao Mundial por uma questão de princípio

Anna Muzychuk recusa sujeitar-se às regras impostas às mulheres pelo país organizador, a Arábia Saudita

A campeã mundial de xadrez recusou participar no campeonato mundial desde ano, entre 26 e 30 de dezembro, na Arábia Saudita. Anna Muzychuk não vai defender o título de campeã do mundo por questões culturais. Em causa está concretamente a obrigatoriedade de as jogadoras andarem acompanhadas na rua e usarem um traje previamente definido pela organização, como calças escuras e camisas com golas altas.

Num texto publicado no dia 23 no Facebook, Anna Muzychuk justificou a sua decisão, explicando que não vai abdicar dos seus princípios nem ser tratada como uma "pessoa de segunda". Com a desistência, a jogadora ucraniana vai perder os dois títulos mundiais que conquistou há um ano: o World Rapid and Blitz Championships 2017 e o Women’s World Rapid and Blitz Championships 2017.

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Dentro de alguns dias vou perder dois títulos mundiais - um por um. Só porque decidi não ir à Arábia Saudita. Não jogar mediante regras de outros, não vestir uma abaya [a túnica tradicional que as sauditas estão obrigadas a vestir quando se apresentam em público], não ser acompanhada na rua, e não me sentir uma criatura secundária", partilhou Anna. "Estou preparada para defender os meus princípios e faltar ao evento".

Exatamente há um ano ganhava estes dois títulos e era a pessoa mais feliz do mundo do xadrez mas desta vez sinto-me mesmo triste. Estou pronta para lutar pelos meus princípios e não ir ao evento onde eu iria, provavelmente, ganhar mais dinheiro do que o que ganho numa dúzia de eventos. Tudo isto é perturbador, mas o que mais me preocupa é que ninguém se importa. Este é um sentimento amargo, mesmo assim não vou mudar a minha opinião e os meus princípios", escreveu ainda a campeão mundial de xadrez em título.

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O post na rede social já conta com milhares de partilhas.

A irmã de Anna Muzychuk, também ela jogadora de xadrez, partilha da mesma ideia e recusou-se também a participar no campeonato da Arábia Saudita. 

"O mesmo aplica-se à minha irmã Mariya - e estou muito contente que partilhemos o mesmo ponto de vista. E, sim, para os poucos que se importam - nós vamos voltar!"

Em novembro, Anna Muzychuk já tinha partilhado no Facebook que não iria participar no torneio do final do ano.

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"Primeiro no Irão, agora na Arábia Saudita... pergunto-me onde será organizado o próximo Campeonato Mundial Feminino", escreveu a jogadora ucraniana de 27 anos, "Arriscar a vida, para utilizar uma abaya durante todo o tempo?? Tudo tem limites e os lenços na cabeça no Irão foram mais do que suficientes".

Esta não é a primeira vez que o local e as condições de um campeonato causam polémica. Em fevereiro deste ano, Anna Muzychuk concordou em participar no campeonato feminino no Irão, aceitando cobrir a cabeça com o hijab, o véu islâmico. Nessa altura, quem desistiu de participar foi a campeã dos Estados Unidos da América. Nazi Paikidze-Barnes liderou a campanha contra as condições impostas às jogadoras de xadrez nos campeonatos mundiais.

Mariya Muzychuk, irmã mais nova de Anna, também detém títulos e distinções no xadrez, tendo chegado a ser campeã do mundo em 2015. 

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