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OMS desaconselha automedicação com ibuprofeno em caso de Covid-19

Apelo surge depois de, no fim de semana, o ministro da Saúde francês, Olivier Véran, ter desaconselhado numa publicação nas redes sociais o uso de medicamentos anti-inflamatórios, como o Brufen, afirmando que poderiam agravar a infeção dos doentes

A Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu que as pessoas que apresentem sintomas semelhantes aos associados à Covid-19, como febre ou tosse seca, não tomem ibuprofeno sem prescrição médica.

O apelo surge depois de, no fim de semana, o ministro da Saúde francês, Olivier Véran, ter desaconselhado numa publicação nas redes sociais o uso de medicamentos anti-inflamatórios, como o Brufen, afirmando que poderiam agravar a infeção dos doentes.

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Um estudo recente da revista médica The Lancet apontava também para uma relação entre o ibuprofeno e a Covid-19, referindo o possível papel no mecanismo da infeção pelo novo coronavírus de uma enzima, cuja produção é aumentada com o uso de ibuprofeno.

Sem confirmar esta relação, um porta-voz da OMS, Christian Lindmeier, adiantou que os especialistas médicos da agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU) estão a estudar esta questão antes de se pronunciarem, mas desaconselhou o uso deste fármaco.  

“Entretanto, recomendamos o uso de paracetamol e não o ibuprofeno para a automedicação”, afirmou, alertando, no entanto, que o paracetamol só deve ser tomado de acordo com as doses recomendadas, uma vez que em grandes quantidades pode ser prejudicial para o fígado.

O alerta da OMS surge no mesmo dia em que as autoridades de saúde francesas anunciaram, em comunicado, a restrição da venda de paracetamol nas farmácias, garantindo a sua disponibilidade, e a suspensão da venda ‘online’ de paracetamol, ibuprofeno e aspirina.

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Segundo a Agência Nacional do Medicamento (ANSM), a partir de quarta-feira a venda de paracetamol nas farmácias fica limitada a uma caixa por pessoa, caso não apresente quaisquer sintomas, e duas caixas em situações de febre e dores.  

Em linha com a OMS, a ANSM também sublinha que em caso de dor ou febre é preferível tomar paracetamol do que ibuprofeno, afirmando que este tipo de anti-inflamatórios pode “ocultar uma infeção e potencialmente agravar certas situações”.

O alerta para uma possível relação entre o ibuprofeno e o novo coronavírus foi primeiro dado pelo ministro da Saúde francês que, no sábado, escreveu no Twitter que “o consumo de anti-inflamatórios (ibuprofeno, cortisona) poderia ser um fator de agravamento da infeção”.

Em reação à publicação de Olivier Véran, a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) afirmou na segunda-feira que não existem ainda dados científicos que confirmem essa relação, uma nota também deixada pela diretora geral da Saúde, Graça Freitas, no domingo.

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Infarmed diz que não há evidência

O Infarmed – Autoridade do Medicamento reiterou que não existe evidência clínica que a toma de ibuprofeno esteja relacionada com o agravamento da infeção por Covid- 19, segundo um comunicado divulgado esta terça-feira.

“Tal como afirmou o porta-voz da Organização Mundial de Saúde (OMS), Dr. Cristian Lindemeier, em recente conferência de imprensa, não existem dados clínicos que comprovem existir uma relação entre a toma de ibuprofeno e o agravamento de Covid-19”, lê-se no comunicado do Infarmed.

O Infarmed já tinha alertado que não existe evidência científica que relacione o uso do ibuprofeno com o agravamento da infeção por Covid-19 e hoje voltou a fazê-lo, afirmando que não existem “novos dados científicos que justifiquem uma reavaliação”.

A autoridade reiterou que o paracetamol é o medicamento preferencial no tratamento de sintomas como a febre, ressalvando que devem ser seguidas as instruções dos folhetos informativos dos medicamentos e em caso de necessidade deve ser consultado um médico.

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“A Agência Europeia de Medicamentos, em articulação com as agências nacionais e a rede de chefes das Agências de Medicamentos da União Europeia, encontra-se a analisar esta situação, sendo expectável uma tomada de posição conjunta e consolidada a nível da União Europeia, que será partilhada em breve com a comunicação social e com os cidadãos”, refere o Infarmed no comunicado de hoje, garantindo que vai continuar a acompanhar a situação.

O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou mais de 180 mil pessoas, das quais mais de 7.000 morreram. Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.

Na Europa, a França é o terceiro país mais afetado, com 6.663 casos e 148 mortos registados até segunda-feira, a seguir à Espanha (11.191 casos e 491 mortos) e Itália, onde o número de casos é superior (27.980 casos confirmados e 2.158 mortos)

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje número de casos confirmados de infeção para 448, mais 117 do que na segunda-feira, dia em que se registou a primeira morte no país.

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