O cão da auxiliar espanhola que está infetada com ébola foi morto na quarta-feira, respondendo ao plano de precaução de Espanha, o que coloca questões sobre se os animais de companhia poderão ser ou não um foco de transmissão do vírus. O diretor-geral da Saúde português, Francisco George, veio esclarecer esta quinta-feira que o ébola nunca foi detetado num cão, apesar de a infeção ser comum a animais e seres humanos.
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Francisco George disse que, no caso do cão da mulher espanhola, Teresa Ramos, as autoridades agiram tendo em conta o «plano da precaução». «A questão do cão foi considerada como importante, porque não se sabe até que ponto o cão pode ou não ter a infeção e se é, portanto, uma fonte eventual de transmissão».
No entanto, mostrou-se convencido de que o cão terá sido recolhido para análise. Não sabe qual foi ou será o seu destino final.
«Eliminou-se um animal que podia ter sido uma fonte de informação para ajudar o homem a conhecer a alegada transmissão cão-homem, já que se sabe que o homem transmite a doença ao animal - omeadamente quando o canídeo se alimenta de cadáveres infetados -, mas não se o contrário é possível», argumentou Laurentina Pedroso, em declarações à Lusa.
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A bastonária considerou «precipitado» o abate de Excalibur, assim se chamava, recordando que, até hoje, o que se conhece reporta-se à realidade africana, onde os cães são infetados quando se alimentam erradamente de cadáveres de doentes. «O cão pode entrar em contacto com o vírus e pode ser um portador assintomático do vírus», esclareceu a veterinária, sublinhando que se desconhece se o cão transmite o vírus ao homem e de que forma.
Laurentina Pedroso entende as preocupações das autoridades, mas considera a decisão «muito rápida» e, por isso, «negativa». «Não quer dizer que a eutanásia não fosse a solução adotada posteriormente, mas o cão podia ter ficado em sequestro para ser estudada a via e transmissão animal para humano». Ou seja, «o abate deste cão “não serviu ao animal, à família, nem a ciência», rematou.
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«Recuso-me a aceitar que o caminho passe por matar os nossos animais, pois isso traria muita amargura para a humanidade», disse à agência Lusa, afirmando desconhecer qualquer dado epidemiológico que aponte para a necessidade deste abate.
A Comunidade de Madrid justificou a decisão pelo facto de alegadamente o animal apresentar«um risco de transmissão da doença ao homem».
Na terça-feira, o Departamento de Saúde da comunidade madrilena argumentara que a informação existente mostra que «os cães podem ser portadores do vírus mesmo sem terem sintomas».
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