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«Charlie Hebdo»: «Temos um jornal a preparar para quarta-feira»

Corinne Rey, conhecida como «Coco», sobreviveu ao ataque e diz que é preciso «erguer-se»

A cartoonista Corinne Rey, conhecida como «Coco», uma das sobreviventes do ataque à redação do Charlie Hebdo, em Paris, disse à Lusa que o importante agora é preparar a edição de quarta-feira.

  Em resposta a um email da Lusa, na sexta-feira ao final do dia, a cartoonista sublinhou, em poucas linhas, que o importante é preparar a próxima edição do semanário - que sai na próxima quarta-feira e que deverá contar com uma tiragem excecional de um milhão de exemplares.

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«Obrigada pelo vosso apoio. Estamos todos muito chocados, mas é preciso erguer-se senão também nos enterramos. Continuem a mobilizar-se sob todas as formas», escreveu «Coco», em resposta ao pedido de entrevista da Lusa.

Corinne Rey sublinhou que «a única entrevista» que iria dar seria ao programa de debate televisivo «28 Minutes» - do qual é colaboradora habitual - no canal franco-alemão Arte, na sexta-feira à noite.

«Temos um jornal a preparar para quarta-feira», justificou à Lusa a cartoonista de 32 anos, várias vezes premiada pelas suas caricaturas e colaboradora, também, da revista cultural «Inrockuptibles».

A intervenção de «Coco» no final do programa «28 Minutes» durou cerca de três minutos e começou com a apresentação de um «cartoon» em que mostrou um gato atingido por quatro balas «que diz que Charlie tem sete vidas como os gatos». «Somos atingidos mas não afundamos», afirmou.

«É verdade que eu estava na redação nessa altura e não há palavras para descrever o que se passou. Perdemos realmente pessoas formidáveis pelas quais devemos ter muita admiração. Perco amigos, uma família e agora vamos ter mesmo de nos reconstruir», continuou a cartoonista, com a respiração dificilmente controlada para conter as lágrimas.

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Corinne Rey deixou, ainda, um apelo: «Queria sobretudo dizer que, apesar do que se passou, não se pode ceder. Penso que é o que o Charb [diretor do jornal] quereria. Penso que é o que se deve fazer e convido toda a gente a mobilizar-se e a apoiar o jornal».

Em conclusão e perante a emoção de todos os participantes do programa, «Coco» lamentou que «tenha sido necessário tais acontecimentos» para que «a luta contra os extremistas» despertasse, agradecendo a todas as pessoas que apoiam o semanário e também ao programa «28 Minutes» que classificou como a sua «outra família».

Na quarta-feira, em estado de choque e ainda no local do massacre no Charlie Hebdo, a «cartoonista» tinha dado o primeiro testemunho ao jornal l'Humanité: «Tinha ido buscar a minha filha ao jardim-de-infância e ao chegar diante da porta do prédio do jornal, dois homens encapuzados e armados ameaçaram-nos de forma brutal. Eles queriam entrar, subir».

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«Digitei o código. Eles dispararam sobre Wolinski, Cabu. Durou cinco minutos. Refugiei-me debaixo de uma secretária... Eles falavam perfeitamente francês e reivindicavam-se ser da Al-Qaida», transcrevia o l'Humanité.

França registou, desde quarta-feira, três incidentes violentos, que começaram com o atentado à sede do jornal Charlie Hebdo, em Paris, provocando 12 mortos (10 jornalistas e cartoonistas e dois polícias) e 11 feridos.

Os dois suspeitos, os irmãos Said Kouachi e Cherif Kouachi, de 32 e 34 anos, foram mortos na sequência do ataque de forças de elite francesas a uma gráfica, em Dammartin-en-Goële, nos arredores da cidade, onde se barricaram.

Na quinta-feira, foi morta uma agente da polícia municipal, a sul de Paris, e fontes policiais estabeleceram já «uma conexão» entre os dois jihadistas suspeitos do atentado ao Charlie Hebdo e o presumível assassino.

Na sexta-feira, ao fim da manhã, pelo menos quatro pessoas foram mortas numa loja kosher (judaica) do leste de Paris, numa tomada de reféns, incluindo o autor do sequestro, que foi igualmente morto durante a operação policial.

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