Aprovada a destituição de Dilma Rousseff como presidente do Brasil na Câmara dos Deputados, a decisão está agora a cargo do Senado, que realmente vai decidir se a “presidenta” é afastada do cargo. Enquanto a decisão é tomada, o que pode demorar até meio de maio, o vice-presidente, e natural substituto de Dilma, não quer perder tempo e já começou as conversações para formar a equipa que pode vir a suceder ao atual Governo.
Michel Temer, do PMDB – partido que foi aliado do Governo, mas passou no mês passado para a oposição -, poderá assumir o Governo se o Senado tomar a mesma decisão que a Câmara dos Deputados, a que se seguirá o julgamento de Dilma Rousseff. Neste cenário, Temer assume automaticamente o poder pelo menos durante 180 dias, e se Dilma for considerada culpada, deverá exercer o que resta do mandato da presidente, que só termina em 2018.
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O vice-presidente quer ter tudo pronto, e segundo o jornal Estado de São Paulo, as negociações deverão começar com Renan Calheiros, o presidente do Senado, numa tentativa de encurtar a espera até final de abril. Este já garantiu, no entanto, que não vai acelerar o processo de decisão do Senado.
O jornal Folha de São Paulo escreve que Temer quer iniciar as negociações com os partidos com assento parlamentar, de forma a garantir uma base de apoio ao Governo. Estas negociações não excluem o Partido dos Trabalhadores (PT), o de Dilma Rousseff.
Quanto a medidas concretas para o país que vai herdar, assessores de Temer disseram ao Folha de São Paulo que o vice quer priorizar as áreas sociais e da economia, mas sem adiantar nomes para as respetivas pastas, até porque Dilma ainda é presidente.
Num Brasil dividido, o sim ao impeachment venceu este domingo à noite. A votação durou largas horas, num ambiente muito tenso entre os deputados, com apupos e insultos bastante audíveis sobretudo durante as intervenções de quem votou não. Nas ruas, sucederam-se as manifestações de apoio e contra a destituição.
Era preciso que pelo menos dois terços dos deputados, isto é, 342 em 513, votassem a favor do afastamento de Dilma Rousseff para o processo passar para o Senado. Caso contrário, o processo seria arquivado. O resultado final saldou-se em 367 votos a favor, 137 contra, sete abstenções. Dois deputados não votaram.
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