O Conselho de Ministros espanhol decidiu hoje em reunião extraordinária em Madrid intervir diretamente na autonomia da Catalunha por “desobediência rebelde, sistemática e consciente” do Governo regional (Generalitat).
O primeiro-ministro, Mariano Rajoy, iniciou às 13:25 (12:25 em Lisboa) uma conferência de imprensa para apresentar as medidas concretas para repor a legalidade na região. A mais esperada e, até, anunciada confirmou-se: Rajoy acionou o artigo 155º da Constituição espanhola.
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E quais as consequências? Um delas é "a suspensão" do Governo regional e a "realização de eleições", na região da Catalunha, nos próximos seis meses.
Na conferência de imprensa depois do Conselho de Minitros extraordinário que aprovou as medidas a aplicar no âmbito do artigo 155.º da Constituição para intervir na Catalunha, Ragoy também assegurou que se vai “trabalhar pela normalidade, pela concórdia e pela boa convivência”.
A decisão foi previamente negociada com o segundo maior partido espanhol, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), que lidera a oposição ao Partido Popular (PP), e também com o Cidadãos (centro). Gestão da região passa a ser assumida pelo Governo de Madrid.
As principais medidas têm, agora, de ser aprovadas pelo senado (câmara alta), muito provavelmente na próxima sexta-feira, 27 de outubro.
O presidente do executivo autónomo, Carles Puigdemont, terá até esse dia a possibilidade de contestar as decisões avançadas, podendo ir pessoalmente a Madrid para o fazer, enviar a documentação necessária que estime ser conveniente ou enviar um representante.
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Recorde-se que no passado dia 1 de outubro, mais de dois milhões de catalães votaram no referendo realizado pelo governo regional, sem a autorização do executivo espanhol. Cerca de 90% dos votantes expressaram-se a favor da independência.
Rajoy pede a empresas que deixem de sair da regiãoO presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, apelou ainda para que as empresas e os depósitos bancários deixem de sair da Catalunha, assegurando que a situação na região de vai normalizar.
“Peço que não saiam mais empresas, nem depósitos” porque “isto vai-se arranjar sem mais dano para ninguém. Podemos estar tranquilos”, disse Rajoy depois de apresentar as medidas para repor a ordem constitucional na Catalunha.
PP diz que Governo espanhol está "carregado de razão"O Partido Popular (PP) pediu, já este sábado, aos espanhóis que confiem na atuação do Governo, que está “carregado de razão” ao ter decidido aplicar o artigo 155.º da Constituição para devolver “a legalidade constitucional e estatutária” à Catalunha.
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O coordenador-geral do PP, partido no poder em Espanha, Fernando Martínez-Maíllo, sublinhou que o executivo de Madrid está a cumprir a sua “obrigação” de devolver a legalidade.
Segundo o responsável, o Governo central conta com o apoio dos partidos PSOE e Cidadãos, que, juntamente com o PP, representam quase 75% dos eleitos no parlamento espanhol.
Maíllo também assinalou que o objetivo final destas medidas é a convocatória eleitoral na Catalunha, mas sublinhou que esta convocatória deve fazer-se precisamente dentro da legalidade constitucional e estatutária, e não fora desse quadro.
Assim, considerou que a ordem necessária das ações é a de primeiro regressar à lei e depois realizar eleições regionais.
PSOE acusa independentistas de quererem 'Brexit' que destrói "40 anos de autogoverno"O secretário-geral do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Pedro Sánchez, afirmou que o projeto de “secessionismo é o ‘Brexit’ da Catalunha” e acusou os independentistas de querem “destruir 40 anos de autogoverno”.
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Falando aos militantes socialistas durante o congresso regional do PSOE em Múrcia, que coincidiu com o final do Conselho de Ministros espanhol extraordinário, Pedro Sánchez afirmou que a Espanha tem um histórico de autonomias regionais que não deve ser colocado em causa com o independentismo catalão.
São “40 anos de um processo de descentralização que fez com que a Catalunha seja a comunidade com maior autogoverno de Espanha e da Europa, algo que agora o secessionismo quer destruir”, afirmou Sánchez.
Podemos "em choque com suspensão da democracia" na regiãoO secretário para a Organização do Podemos, Pablo Echenique, disse hoje que o partido está “em choque” perante “a suspensão da democracia na Catalunha”, afirmando-se convicto que esta região “continuará a fazer parte de Espanha”.
Estamos em choque pela suspensão de democracia não só na Catalunha mas no conjunto de Espanha, porque a Catalunha faz parte de Espanha e continuará a fazer”, declarou, falando logo a seguir ao presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, que anunciou as medidas decididas pelo executivo de Madrid em relação à Catalunha.
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Echenique acusou o Partido Popular (no Governo) de “tentar empurrar a Catalunha para fora” de Espanha.
Independentistas dizem que região está "intervencionada, mas nunca vencida"O partido independentista catalão Candidatura de Unidade Popular (CUP) declarou hoje que a Catalunha está a ser alvo de uma intervenção, mas não está vencida, rejeitando recuar na luta pela independência da região.
“Intervencionados, mas nunca vencidos! Unidade popular para a República agora. Nem um passo atrás. Sem medo”, expressou a CUP (esquerda radical), através da sua conta na rede Twitter.
Esta foi a primeira reação da CUP após o anúncio, pelo presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, sobre a decisão de assumir a gestão corrente do executivo regional da Catalunha, o que inclui a competência de dissolver o parlamento regional e convocar eleições no prazo de seis meses.
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