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Ele desistiu de ser jihadista. E agora?

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Seis meses sob as regras do Estado Islâmico bastaram-lhe. Mas, esta troca de papéis não é assim tão fácil. Os extremistas islâmicos dizem que não há caminho de volta

Porquê? Porque tem medo. Porque quer fazer o caminho inverso. Quer desistir de ser um jihadista. Seis meses bastaram-lhe. Viu crucificações, apedrejamentos, mortes, como aquelas em dezembro: um «casal foi apedrejado até à morte por adultério na presença de dezenas», em nome da lei do Islão. Ibrahim até aceita algumas coisas, mesmo que difíceis. Mas basta. O jihadista dissidente explicou à CBS que a vida para os ocidentais que se juntam ao grupo até é boa e completamente patrocinada: casa, comida, roupa lava e até um subsídio. Os casais até recebem mobília para as casas. Mas não é um conto. É um pacto. Há uma condição: Ibrahim disse que a partir do momento em que te juntas ao Estado Islâmico, é virtualmente impossível abandoná-lo. Pelo menos, vivo. E, assim, Ibrahim deixou de se sentir um convidado e passou a sentir-se um prisioneiro. «Se eu for apanhado, provavelmente serei preso e questionado».

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Chama-se Abu Ibrahim. O nome engana. É mais um dos milhares de ocidentais que rumou à Síria e ao Iraque para combater nas fileiras do Estado Islâmico.

«Muitos daqueles que chegam, vêm cheios de entusiasmo com aquilo que leram online ou viram no Youtube. Imaginam que é tudo bonito, vitórias e paradas», disse, numa entrevista exclusiva à CBS, com a cara tapada e a voz distorcida.

Ibrahim falou também na presença da Hisbah, a polícia religiosa do Estado Islâmico.

«A sua presença serve para deter ladrões e prevenir maus comportamentos, mas controlam também que tipo de música se pode ouvir, se as mulheres estão suficientemente tapadas ou se os homens estão a deixar crescer as suas barbas».

O homem explicou que o Estado Islâmico vive de sobreaviso com o receio de espionagem e de agentes infiltrados. Aqueles que se tornam suspeitos são, na maioria das vezes, executados.

De besta a herói, Abu Ibrahim teve a coragem de fugir. «Não podia concordar com as «execuções e decapitações dos ocidentais».

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«A principal razão por que saio prende-se com o facto de que não estava a fazer aquilo por que inicialmente fui para lá, para ajudar o povo da Síria».

Abu Ibrahim sabe os riscos que corre, mas corre, contra a maré, contra o Estado Islâmico. Abu Ibrahim pode ter sido aquele que se sabe que fugiu, mas não é o único a não concordar com os princípios do Estado Islâmico e a querer sair.

Com saudades da família e dos amigos, o caminho avizinha-se difícil na clandestinidade e até assumiu que «vai ter saudades dos amigos que deixou, de alguns irmãos, mas do Estado Islâmico não». 

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