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Kosovo: novas negociações em Bruxelas

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Dirigentes sérvios e kosovares não se entendem. Kosovo quer independência

Os dirigentes sérvios deverão tentar esta terça-feira, em Bruxelas, mostrar aos kosovares que uma autonomia alargada poderá bastar-lhes, mas estes parecem dispostos a proclamar a independência, prometendo apenas «coordená-la» com europeus e norte-americanos, escreve a lusa.

A 20 dias de expirar, a 10 de Dezembro, o prazo para uma última ronda de negociações visando obter um compromisso, o Presidente sérvio Boris Tadic e o seu primeiro-ministro, Vojislav Kostunica, deverão reunir-se hoje à tarde com os dirigentes kosovares - incluindo Hashim Thaci, vencedor das eleições legislativas de sábado - sob a mediação da troika UE-Rússia-EUA, liderada pelo alemão Wolfgang Ischinger.

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Segundo um diplomata europeu, os sérvios, apoiados por Moscovo na sua recusa de conceder a independência, deverão defender uma vez mais um Kosovo autónomo, sublinhando que uma autonomia alargada permitiu a Hong Kong prosperar no seio da República Popular da China.

Contudo, o modelo de Hong Kong sempre foi rejeitado pelos albaneses do Kosovo e Hashim Thaci, antigo responsável da guerrilha independentista albanesa, voltou a recusá-lo na segunda-feira.

«A ideia avançada pela Sérvia de uma solução à Hong Kong não é admissível. O modelo cipriota não pode também ser adaptado ao Kosovo, nem aliás as propostas de federação ou de confederação com a Sérvia. Nenhuma destas ideias é aceitável», declarou.

Repetiu hoje, ao chegar a Bruxelas, que o Kosovo estava «pronto para a independência» que aguarda «há oito anos», quando os bombardeamentos da NATO obrigaram as forças militares sérvias a cessar a violência contra os albaneses do Kosovo e a abandonar o território, considerado pelos sérvios como o «berço» da sua cultura.

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Desde então, o Kosovo, administrado pela ONU e patrulhado pela NATO, vive de facto separado da Sérvia.

Contudo, o líder independentista, a quem os europeus exortaram à contenção após o anúncio da sua vitória eleitoral, prometeu também «nada fazer sem coordenação com os parceiros, Washington e Bruxelas».

Esta promessa poderá tranquilizar de alguma forma os responsáveis europeus que, já não acreditando num compromisso nestas negociações, pretendem precisamente negociar com os responsáveis kosovares o momento e a forma como proclamarão a independência - proclamação que parece inevitável após 10 de Dezembro.

A UE, que considera que o Kosovo, tal como a Sérvia, poderá aderir a prazo à União, pretende, o mais rapidamente possível, substituir a ONU no Kosovo com o objectivo de «controlar» a passagem à independência de um território, onde as máfias são poderosas e a economia está esfrangalhada.

As conversações de hoje deverão constituir o penúltimo encontro desta ronda de negociações, antes de uma reunião na próxima semana, em Viena.

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Foi lançada em Agosto, depois de a Rússia ter bloqueado no Conselho de Segurança da ONU a adopção de uma resolução concedendo ao Kosovo uma independência sob fiscalização internacional.

Na ausência de um compromisso, a troika poderá ainda propor aos sérvios e aos kosovares um acordo de cooperação organizando as suas relações sem definir o estatuto da província independentista - uma ideia inspirada no «tratado fundamental» assinado em 1972 entre as duas Alemanhas, indicou hoje Ischinger.

Contudo, mesmo que Ischinger coloque esta proposta sobre a mesa, não poderá constituir uma solução para o problema do estatuto do Kosovo, uma questão que ignora deliberadamente, notou um diplomata europeu.

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