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Enquanto o exército combate o vírus Zika nas ruas, um grupo de juristas e universitários estuda a alteração à lei do aborto. As suspeitas de que a infeção de grávidas com o Zika provoca microcefalia nas crianças, leva um grupo de académicos a querer levar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF). A antropóloga Débora Diniz, numa entrevista à BBC, explicou que, na argumentação que apresentará ao STF, o Estado é apresentado como "responsável pela epidemia de Zika", por não ter erradicado o mosquito, pelo que, constitucionalmente, as mulheres não podem ser "penalizadas pelas consequências falhas de políticas públicas ", entre elas, a microcefalia, concluindo que as mulheres "devem ter direito à escolha do aborto legal".
Neste momento, a legislação brasileira só permite o aborto em casos de violação, risco de vida da mãe ou quando o bebé não tem cérebro ou parte dele, ou seja, anencefalia. A introdução desta última causa de exclusão de crime em caso de aborto foi uma vitória da antropóloga e do seu grupo de trabalho, há mais de dez anos.
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Aedes aegyptiLEIA TAMBÉMZika: saiba mais sobre o vírus que está a assustar o mundoAnencefalia e microcefalia são, no entanto, situações diferentes. Débora Diniz está preparada para o combate, jurídico e moral. “Na anencefalia, os bebés não nascem vivos e assim escapávamos de um debate moral. Hoje, sabemos que a microcefalia típica é um mal incurável, irreversível, mas o bebé sobrevive", afirmou. "Portanto trata-se do aborto propriamente dito e isso enfrenta resistência."
"Nós vivemos uma situação de epidemia e não podemos ter um ministro que diz 'nós perdemos a guerra contra o mosquito'. Não, a guerra tem de ser ganha. Essa responsabilidade não é da mulher. Isso é negligência do Estado e gera uma responsabilidade do Estado", afirmou Débora Diniz à BBC.
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O Zika afeta 22 países americanos e forçou os governos da região a adotarem medidas extremas, casos do Brasil e República Dominicana, que mobilizaram forças militares para conter o mosquito transmissor deste vírus, da febre Dengue e do Chikungunya.
DGS diz a grávidas que o melhor “é não viajar”Numa conferência de imprensa realizada em Lisboa, o diretor-geral de Saúde adiantou que há seis casos de doença provocados pelo vírus Zika, em Portugal, que estão notificados, cinco deles importados do Brasil e o sexto da Colômbia. “Foi emitida recomendação para as portuguesas em idade fértil, que queiram engravidar, e em particular as grávidas. Nós aconselhamos que não se desloquem neste momento a um país onde o problema Zika tem esta expressão epidémica”, disse Francisco George aos jornalistas.
De acordo com o responsável, o risco só existe em áreas onde a propagação se está a verificar de “uma forma crescente e, tudo indica, de forma descontrolada”, referindo-se a países da América do Sul, Caraíbas e África.
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zika@dgs.pt“Eliminar riscos é não viajar”, sublinhou Francisco George.
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