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Eleições na Venezuela: Maduro e Capriles em versão resumida

O sindicalista proletário e o advogado cosmopolita

Nicolás Maduro, de 50 anos, foi presidente interino desde dezembro de 2012, a partir do momento em que o estado de saúde de Chávez o impediu de manter as funções. Antigo motorista da rede de transportes público, foi sindicalista e militante do Movimento V República, partido fundado por Hugo Chávez em 1997, e que em 2006 deu origem ao atual Partido Socialista Unido da Venezuela. Participando em todas as campanhas presidenciais ganhas pelo seu antecessor, Maduro foi subindo na estrutura de cada vez: começou por ser deputado (em 1999), depois ministro das Relações Exteriores (2006), antes de assumir a vicepresidência em 2012.

Casado com Cilia Flores, que foi procuradora-geral da República até ao início desta campanha, Nicolás Maduro é tido como um homem pouco carismático e de personalidade mais discreta do que o seu antecessor. Talvez por isso, não hesitou em jogar a cartada da sucessão espiritual, procurando manter os laços emocionais de Chávez com a população, tanto no discurso como nos símbolos, visuais e de linguagem. O culto de personalidade prestado ao antigo presidente, mais a carga emocional dos prolongados funerais de Estado de que Chávez foi alvo, terão jogado a seu favor ao longo de uma campanha curta, de apenas dez dias.

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Do outro lado, Henrique Capriles, 41 anos, tentará reforçar a significativa votação que recebeu em outubro de 2012, quando obrigou Chávez à eleição mais renhida das quatro que o ex-presidente venceu entre 1998 e 2012: Chávez ganhou com 54% dos votos e uma diferença de 1,5 milhões de votos num universo de 19 milhões de eleitores.

Ao contrário das origens proletárias e nacionalistas de Maduro, Capriles é descendente de uma família aristocrata. Cosmopolita, formou-se em direito económico e completou a formação académica no estrangeiro (Holanda, Itália e Estados Unidos). Presidiu ao município de Baruta, na região de Caracas, antes de unir a oposição a Chávez na sua candidatura vencedora a governador do estado de Miranda, em 2008. Reeleito em 2012, deixou o cargo para a eleição presidencial de outubro, onde conseguiu o resultado mais alto de um candidato da oposição desde 1998.

A morte de Chávez antecipou-lhe o regresso às campanhas, mais cedo do que esperava. Desta vez, vinca a palavra «mudança», em detrimento da «oposição», talvez para contornar o impacto emocional da morte de Chavez. Por contraste com as camisas vermelhas que Maduro herdou das campanhas do ex-presidente, Capriles exibe como ícone um boné com as cores do país. E, quando não enverga a camisa tricolor venezuelana, usa por vezes uma camisola da seleção de futebol, a «vinotinto», cujos resultados internacionais ganharam dimensão nos últimos anos. Mais um toque a sugerir mudança de hábitos, num país que continua a ter o basebol como principal paixão desportiva.

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