Já fez LIKE no TVI Notícias?

Marion, a Le Pen mais nova deu uma prenda antecipada ao avô

Estuda Direito, andou a fazer exames durante a campanha e acabou por protagonizar o regresso da Frente Nacional ao parlamento francês

Aos 22 anos, Marion Maréchal-Le Pen será a deputada mais nova da história moderna francesa. E será também a protagonista do regresso da Frente Nacional (FN) à Assembleia Nacional francesa, uma vez que a sua tia Marine, líder do partido de extrema-direita, falhou a eleição.

A dinastia Le Pen tem, assim, lugar assegurado no futuro da política do país, uma notícia que deixa Jean-Marie, o histórico fundador, certamente orgulhoso, poucos dias antes de completar 84 anos. A festa, essa, já foi feita na noite deste domingo, ao lado de Marion, a neta que estuda Direito e que andou a fazer exames durante a campanha.

PUB

Jean-Marie andava a preparar esta eleição há muito tempo. Não foi por acaso que casou as três filhas com figuras da FN. Yann Le Pen, a mãe de Marion, juntou-se a Samuel Maréchal, ex-líder da juventude do partido. A filha de ambos ainda era menor quando começou a ajudar nas campanhas.

«Nunca ninguém da família me forçou a isto. Eu vim para a política espontaneamente, não fui obrigada. Isto tem de acontecer naturalmente», justificou Marion Maréchal-Le Pen, durante a campanha, citada pelo «The Guardian».

A neta de Jean-Marie foi eleita pelo círculo de Vaucluse, com 49,09 por cento dos votos, com a ajuda da candidata socialista Catherine Arkilovitch, que se recusou a apoiar o candidato da UMP, Jean-Michel Ferrand, para travar a extrema-direita.

A escolha desta região não foi por acaso. Nas presidenciais, foi em Vaucluse que Marine Le Pen, candidata da FN, obteve a maior percentagem de votos, traduzindo desta forma o apoio local aos ideias de extrema-direita.

Além disso, é nesta região que se encontra a cidade de Carpentras, onde, em 1990, dezenas de túmulos judaicos foram profanados, alegadamente por apoiantes da FN, na altura liderados por Jean-Marie Le Pen. O fundador do partido sempre negou qualquer envolvimento no ato e viu estas eleições como uma oportunidade de vingança. Marion aproveitou a deixa para tentar limpar o nome do avô, mas nunca falou do tema durante a campanha.

PUB

A neta Le Pen espalhou os ideais da família: menos imigração, menos crime, mais protecionismo económico contra a globalização, mais soberania nacional e menos integração europeia. E ganhou, mesmo numa França inspirada pela vitória da esquerda de François Hollande.

«6,4 milhões de franceses já se juntaram a nós [nas presidenciais] e isto é só o começo», avisou Marion, que no discurso da vitória deixou um aviso: «Se as elites ouvissem, perceberiam por que é que a juventude francesa, à qual pertenço, está a juntar-se a nós».

Na noite em que a FN regressou ao parlamento francês, Jean-Marie era um avô orgulhoso, mas um pai desiludido, porque a filha Marine não foi eleita. «Parte de mim está em êxtase e outra parte está a sofrer», afirmou, citado pela Reuters.

Marine Le Pen perdeu por 118 votos para um socialista, mas constatou o «enorme sucesso» da eleição da sobrinha. «Só tenho razões para estar contente. O movimento vai novamente para a Assembleia Nacional», disse.

A Frente Nacional elegeu 35 deputados em 1986 graças a uma alteração nas regras de representação e só agora regressou ao parlamento. Além de Marion, também o advogado Gilbert Collard foi eleito este domingo pelas listas do partido extremista. Não admira, portanto, que, conforme podemos ver nas imagens da noite eleitoral, Jean-Marie Le Pen tenha voltado a sorrir.

PUB

Últimas