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Notas pessoais que João Paulo II mandou destruir surgem em livro

Papa, que morreu em 2005, pediu no seu testamento para que fossem queimadas

Um livro baseado em anotações pessoais de João Paulo II, documentos que deviam ter sido destruídos pelo antigo secretário particular do antigo Papa, foi esta quarta-feira lançado na Polónia envolto em polémica.

No seu testamento, que foi tornado público após a sua morte a 2 de abril de 2005, o Papa polaco pediu que as suas anotações pessoais fossem queimadas.

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Mas o seu antigo secretário pessoal Stanislaw Dziwisz, atualmente cardeal e arcebispo de Cracóvia (sul da Polónia), decidiu não destruir os apontamentos e entregou uma parte dos documentos a uma editora local, Znak.

As reflexões teológicas de João Paulo II estão agora reunidas no livro «Estou bem nas mãos de Deus. Notas pessoais 1962-2003», uma obra com 640 páginas, que inclui também fotografias e cópias de correspondência.

Os apontamentos de João Paulo II serão editados «em todo o mundo na mesma data», pelo grupo internacional Planeta, disse hoje à Agência Lusa fonte editorial.

Segundo a mesma fonte, «não há uma data precisa, mas seria desejável que o fosse em abril, tanto mais que o pontífice polaco será canonizado no dia 27».

O livro é baseado em dois cadernos de apontamentos em que Karol Wojtyla - nome de batismo do Papa - escreveu as suas reflexões por ocasião de retiros espirituais.

As anotações, que já tinham sido avaliadas pela Congregação para as Causas dos Santos no âmbito do processo de beatificação de João Paulo II, em maio de 2011, foram escritas em polaco com passagens em latim.

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«O Papa revelou um pouco da sua alma, o seu encontro com Deus, a contemplação, a devoção e é nisto que reside o maior valor desta publicação», afirmou Stanislaw Dziwisz, quando anunciou, em janeiro último, o lançamento do livro.

«Não tenho qualquer dúvida. São coisas importantes, falam de espiritualidade, do homem, de um grande Papa, e teria sido um crime destruir [os documentos]», justificou Dziwisz, que foi secretário pessoal de João Paulo II durante quase 40 anos.

Mas há figuras da sociedade polaca que contestam esta atitude de Dziwisz.

«São notas pessoais. Deviam ter sido queimadas, em conformidade com o testamento, ou guardadas nos arquivos do Vaticano ou do arcebispado» de Cracóvia, defendeu, em declarações à agência France Press, Pawel Boryszewski, sociólogo das religiões.

Segundo o padre Tadeusz Isakowicz-Zalewski, «a decisão de publicar notas pessoais do Papa é nociva».

«É uma violação de um testamento. Na cultura europeia, a última vontade ainda é obrigatória», referiu o padre numa página na Internet.

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Em resposta às vozes mais críticas, Stanislaw Dziwisz já assegurou que «as anotações e a correspondência que tinham de ser queimadas, foram queimadas e destruídas».

A comunicação social polaca também tem criticado o arcebispo de Cracóvia, acusando Stanislaw Dziwisz de estar a rentabilizar a memória de João Paulo II, com a publicação das suas memórias ou com a distribuição de relíquias do futuro santo.

Uma parte dos lucros deste livro será destinada para a construção do Centro João Paulo II, junto do santuário da Divina Misericórdia em Lagiewniki, nos arredores de Cracóvia.

A canonização de João Paulo II, cujo pontificado durou 27 anos (entre 1978 e 2005), está prevista para 27 de abril deste ano, no Vaticano.

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