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O Brasil «veio para a rua». E agora Dilma?

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Protestos juntam 250 mil. As manifestações que já duram há vários dias têm banda sonora e razões que vão para além de um aumento de impostos

As manifestações no Brasil têm vindo a crescer de tom e de escala. Na segunda-feira, no Congresso, em Brasília, e na assembleia legislativa do Rio de Janeiro, houve tentativas de invasão dos espaços ligados ao poder numa leitura simbólica que vai além da ação. Em São Paulo, durante aquela que foi a quinta manifestação na cidade, houve a tentativa de invasão do Palácio Bandeirantes, O que está a levar os brasileiros a saírem à rua?

Olhando para o mapa do país, o sul está pintado de protestos. Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, imagens de marca do poder político e económico e o grande retrato do Brasil no exterior. Mas, há mais cidades em protesto, ainda que em menor escala.

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Na segunda-feira, 100 mil pessoas nas ruas no Rio de Janeiro, 65 mil em São Paulo, mais de 5 mil em Brasília, de acordo com a Polícia Militar, tal como em Salvador da Baía. Em Minas Gerais foram 20 mil e 10 mil em Curitiba e Belém. Podíamos continuar a revelar números. Somados, cerca 250 mil brasileiros distribuídos por manifestações em 30 cidades.

O Brasil «veio para a rua» e já tem banda sonora. Um anúncio a um modelo automóvel virou canção de intervenção, lembrando uma canção da década de 60 que se tornou senha de luta. A Fiat anunciou que vai retirar a publicidade, embora não admita que os protestos sejam a razão para essa decisão.

Os protestos começaram em São Paulo há uma semana sensivelmente, a propósito do aumento do preço dos transportes na ordem dos dez cêntimos (euro), mas, à medida que se alargaram a outros locais, também as razões se espalharam. O país em que o povo não tolera o aumento dos bilhetes, critica as despesas do governo federal com a «Copa do Mundo», o campeonato mundial de futebol que terá lugar no Brasil em 2014. Transparência, combate à corrupção e contra a criminalidade. Aumento do poder de compra e dos salários. Como uma bola de neve, juntaram-se os grupos em defesa dos direitos humanos, do ambiente ou da educação e saúde públicas.

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Segundo o IBGE, equivalente ao INE em Portugal, a taxa de desemprego tem vindo a subir, ao passo que o rendimento das famílias sofreu uma queda.

Independentemente das razões, os políticos e a política foram sempre o alvo. A presidente Dilma Rousseff ou os governadores dos estados de São Paulo ou do Rio de Janeiro. Estas foram as maiores manifestações no Brasil desde 1992, altura do protesto dos caras-pintadas que exigiam a retirada do presidente Fernando Collor de Melo, escreve a «Folha de São Paulo».

Dilma já fez saber que considera as manifestações «legítimas e próprias da democracia», e desvaloriza o peso da contestação, assim como fez ouvidos de mercador aos apupos na cerimónia de abertura do ano da Mundial, no sábado, segundo o «Globo». A presidente não se quer envolver diretamente, mas a sua preocupação revela-se noutros atos, que acaba por delegar, como aquele em que o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, que recebeu o movimento que está contra aos gastos com a construção do estádio Mané Garrincha, em Brasília. Gilberto Carvalho afirmou: «Esses jovens têm alguma coisa a nos dizer».

O protesto faz-se nas ruas, mas não só. Nas redes sociais, são 79 milhões a debater o tema, segundo um estudo citado pelo «Estadão», com muitos dos protestos a serem marcados através da Internet. Mas, enquanto polícia e manifestante se confrontavam nas ruas, a conta da presidente Dilma Rousseff no Instagram foi atacada por hackers na segunda-feira, um ataque reivindicado pelos Anonymous.

«SENHORA PRESIDENTA DA REPÚBLICA OU A SENHORA FAZ ALGUMA OU O BRASIL VAI PARAR. NÓS NÃO VAMOS TOLERAR MAIS. O GIGANTE ACORDOU», podia ler-se na página da rede social, de acordo com a «Folha».

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