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Escândalo de espionagem no Brasil

Várias figuras do Estado foram alvo de escutas ilegais por parte da Agência Brasileira de Inteligência. Ministro mostra factura de compra de aparelho de espionagem que a secreta brasileira não pode usar legalmente. Presidente do Senado pede demissões no governo de Lula

O escândalo de escutas telefónicas ilegais a altas figuras de Estado que está a abalar o Brasil pode ter tido origem numa guerra entre polícias, nomeadamente entre a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a Polícia Federal (PF), envolvendo o ministro da Defesa, escreve a revista Veja, que na passada sexta-feira publicou uma reportagem em primeira-mão com a transcrição de algumas conversas.

De acordo com a legislação brasileira, apenas a PF pode realizar escutas telefónicas e sempre na sequência de um mandado judicial. A Abin, não tem essa função. No entanto, a polémica que veio agora a descobrir-se revela que esta terá realizado escutas ao telefone do presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. A Veja publicou um diálogo entre Mendes e o senador Demóstenes Torres, datada de 15 de Julho. De acordo com a revista, os ministros de Relações Institucionais, José Múcio, e da Casa Civil, Dilma Rousseff, também teriam sido alvo de escutas.

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Máquina de escutas comprada pelo ministro

O caso está a tomar proporções cada vez maiores. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, terá dito na passada segunda-feira, numa acalorada reunião no Palácio do Planalto, que a Abin comprou aparelhos para realizar escutas, apesar de legalmente não o poder fazer, tendo inclusive apresentado uma factura com uma aquisição. O ministro justificou a compra dizendo que este equipamento - cada maleta custa cerca de meio milhão de dólares (345 mil euros) e existirão várias - tem capacidade para fazer espionagem sem o envolvimento das operadoras telefónicas. Por isso, considera Jobim, quem usa o aparelho não precisa de autorização judicial para fazer as escutas.

O escândalo terá apanhado de surpresa o presidente Lula da Silva, que deu ordem de suspensão imediata director da Abin, Paulo Lacerda, enquanto decorrer a investigação que mandou fazer.

A agência desmente ter um aparelho para efectuar escutas, mas admite que os agentes têm equipamento de contra-espionagem. Contrariando o ministro da Defesa, terça-feira o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Armando Felix, revelou que este equipamento existe apenas para detectar a existência de aparelhos de escuta em telefones e que não é usado para esse fim. De acordo com a imprensa brasileira, esta explicação terá irritado vários ministros.

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Para que serviriam as escutas

A par da ilegalidade das escutas está o mistério sobre para que serviriam e a mando de quem foram feitas. A revista Veja não revela essa parte, mas refere que as relações entre a Abin e a PF nunca foram tão más como agora. E estarão relacionadas com a Operação Satiagraha, levada a cabo pelos polícias federais com a participação de investigadores da Abin que não terá sido autorizada pelo responsável desta entidade.

A revista cita fonte não identificada do governo que refere que o presidente do Supremo Tribunal terá sido alvo de escutas por ter um papel importante na decisão de libertar o banqueiro Daniel Dantas, alvo da operação da PF. Na terça-feira, o ministro da Justiça, Tarso Genro, reconheceu a possibilidade: «É uma linha de investigação não excluída», disse. «Pode ser alguém que tenha ou teve vínculos com a Abin e que não necessariamente tenha agido a mando da direcção».

O caso não ficará por aqui, pois o presidente do Senado, Garibaldi Alves exige demissões no Governo de Lula.

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