Uma onda de desmaios está agitar a Escola Secundária da Manhiça, no município com o mesmo nome, na província moçambicana de Maputo, onde foram registados mais de 50 casos nas últimas duas semanas.
«Os desmaios começam geralmente na sala de aula. É normal registarmos um número de dez ou treze crianças durante o dia. Nos primeiros dias, levámos as crianças ao hospital, mas os médicos não conseguem dar diagnósticos», disse o diretor pedagógico da escola, Cornélio Mandlate, citado pelo diário O País.
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O fenómeno, que ataca principalmente estudantes do sexo feminino, tornou-se num tema polémico entre os residentes da vila da Manhiça e suscitou várias interpretações, incluindo a atribuição destes casos a entidades sobrenaturais, atraindo a atenções da imprensa e das autoridades moçambicanas.
«Sinto uma dor interior, como se estivessem a bater-me. O peito dói e a cabeça começa a girar e fico agitada», disse Ruthe Yunan, uma das vítimas da onda de desmaios, também citada pelo jornal.
Além de mobilizar um grupo de seis elementos para a resolução do problema, a direção distrital da educação do município da Manhiça pediu ajuda à Associação dos Médicos Tradicionais (Ametramo).
«Tivemos que envolver outras estruturas que ultrapassam o setor educacional» disse Tereza Machava, diretora distrital da educação, admitindo que a situação preocupa as autoridades locais.
Por sua vez, a Ametramo defende que a onda de desmaios que assola a Escola Secundária da Manhiça só será ultrapassada depois de uma «cerimónia de invocação dos antepassados» no local, onde, segundo a organização, jazem os seus corpos.
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«É preciso procurar os donos daquelas campas, conversar com eles, para poderem explicar o que é necessário para resolver a situação. Nós vamos chamar os nossos médicos para ajudar na cerimónia de invocação dos antepassados», disse a presidente da Ametramo na Manhiça, Paulina Chiango, citada também por O País.
Em 2013, as autoridades sanitárias moçambicanas registaram um fenómeno semelhante na Escola Secundária Quisse Movata, onde mais de 20 alunas desmaiaram.
Na altura, o Ministério da Saúde delegou uma equipa, composta por médicos, psicólogos e sociólogos, para investigar os casos, tendo concluído que tratava-se de uma «histeria coletiva».
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