O Chade vai investigar informações de que 74 crianças chadianas foram levadas para França há mais de um mês sem o conhecimento dos pais, disse hoje um responsável judicial, noticia a Lusa.
Uma rede de grupos locais de direitos humanos escreveu para a procuradoria de N`Djamena com pormenores sobre as 74 crianças que terão sido transportadas para um aeroporto militar fora de Paris, a 17 de Setembro, disse Masngarel Kagah, do departamento do procurador.
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Kagah disse não ser claro quem levou as crianças para França, adiantando que pode não ter sido a Arca de Zoé, a organização francesa que na semana passada foi impedida de transportar outras crianças para fora do Chade.
Seis trabalhadores franceses da Arca de Zoé foram acusados de rapto no Chade por tentarem levar para França 103 crianças, que alegaram ser órfãs, da região oeste do Sudão, o Darfur, devastada por uma guerra civil.
Se foram condenados, arriscam uma pena de até 20 anos de trabalhos forçados.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros francês e organizações não governamentais internacionais levantaram dúvidas acerca da alegação de que as crianças seriam órfãs do Darfur, onde mais de 200 mil pessoas foram mortas desde 2003.
Enquanto a Arca de Zoé argumenta que as suas intenções eram unicamente humanitárias, as Nações Unidas e outras agências de ajuda consideram que levar crianças - mesmo as que se encontram em circunstâncias difíceis - para longe das suas famílias e cultura pode não ser o melhor modo de as ajudar.
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Kagah disse que a Rede das Associações de Direitos Humanos no Chade juntou informação acerca das 74 crianças agora suspeitas de terem sido retiradas do país, depois de vários pais terem informado a organização de que os seus filhos estavam desaparecidos.
As crianças «foram efectivamente raptadas. Aterraram naquele aeroporto militar para irem para um destino desconhecido», disse à agência noticiosa norte-americana AP, referindo que a documentação, recebida terça-feira, será enviada ao procurador para dar início à investigação.
Kagah disse que as 74 crianças referenciadas no documento têm entre um e seis anos de idade.
Além dos seis trabalhadores da Arca de Zoe, três espanhóis da tripulação do avião que devia transportar as crianças para França e um piloto belga continuam detidos na capital chadiana acusados de «cumplicidade no rapto de menores».
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