Quando surgem ativistas xenófobos a fazer-se ao mar para tentar travar os botes atafulhados de refugiados que tentam cruzar o Mediterrâneo, rumo à Europa, um departamento da universidade Carnegie Mellon, que fica em Pittsburg, no Estado da Pensilvânia, vem mostrar que os maiores fluxos de refugiados nos últimos 15 anos envolvem países africanos e asiáticos. O que é claramente menor é a atenção dada a esses problemas, mais afastados dos países do hemisfério norte.
Muitas vezes, os debates que temos na sociedade começam com emoção e pensamentos extremos, como:" Ah, os refugiados estão invadindo os Estados Unidos", salienta Illah Nourbakhsh, diretor CREATE Lab da universidade de Carnegie Mellon, responsável pelo mapa interativo, com o objetivo de permitir a qualquer um visualizar o problema dos refugiados à escala mundial.
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No site da revista Fast Company, que divulga o trabalho interativo, salienta-se que a maioria dos que fogem de situações como a guerra, a fome e outras misérias da vida, fazem-no preferencialmente para países vizinhos.
África em focoA ideia dominante de todos os sírios estão indo para a Europa é um absurdo, porque ao diminuir o zoom, percebe-se que estão indo sobretudo para três países vizinhos em torno da Síria", salienta o investigador.
O Uganda, no centro de África, serve de exemplo. Em 2015, enquanto os Estados Unidos acolheram 69.933 refugiados, o país africano, com uma população da ordem dos 40 milhões de pessoas, aproximadamente oito vezes menor que a norte-americana, recebeu mais de 100 mil pessoas.
Na última semana do passado mês de janeiro, chegaram diariamente ao Uganda, 4.500 refugiados idos do vizinho Sudão do Sul. E apesar do país ter uma política aberta de acolhimento, oferecendo mesmo terra para lavrar e o direito ao trabalho a quem chega, a pressão de uma vaga intensa de pessoas torna-se difícil de gerir.
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O problema com a maioria dessas situações é que os países são tão desesperadamente subfinanciados, mesmo que haja cooperação da parte dos governos anfitriões", sustenta Kathleen Newland, co-fundadora do Migration Policy Institute, citada pela Fast Company.
O financiamento necessário para apoiar os refugiados é um problema referenciado pela respetiva agência das Nações Unidas e tem sido um dos cavalos de batalha do novo secretário-geral, António Guterres. Que ainda recentemente relembrou as situações, por vezes esquecidas, da Somália, em África, e do Iémen, na Ásia.
Com base na recolha de dados, o CREATE Lab criou o mapa interativo, em que se pode escolher e observar uma determinada nação, o qual mostra os fluxos de migração desde o início deste século XIX. Cada ponto amarelo representa 17 refugiados saindo do seu país e cada ponto vermelho mostra os que chegam a um local, idos de qualquer parte.
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Assim, o formigueiro visível num vídeo é possível, resulta de factos de fugas maciças de pessoas, por vezes esquecidas, como as que aqui se enumeram:
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