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«Irão é responsável pelo caos no Iraque»

Antigo governador iraquiano e eurodeputado português lançam acusação

Abdulla Rasheed Al-Jubori, antigo governador da província iraquiana de Diyala, não tem dúvidas: a chave da violência no seu país está no vizinho Irão, que responsabiliza pelo estado caótico em que se encontra. A mesma opinião é partilhada pelo eurodeputado português Paulo Casaca, promotor da Plataforma de Diálogo «Iraque com um Futuro».

«A Al-Qaeda é maior entidade terrorista no Iraque, no último ano, tem estado envolvida com o regime iraniano. Tem sido financiada, treinada e equipada pelo regime iraniano para controlar o país, mas também para dificultar a vida aos norte-americanos», disse Abdulla Al-Jubori, numa conferência que se realizou esta tarde na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

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No final do encontro, em conversa com o PortugalDiário, o iraquiano, agora presidente da Frente Nacional da Salvação de Diyala, acusou o regime dirigido pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad de fomentar um clima de violência do seu país para poder exercer a sua influência sobre ele. «O Irão tentou criar uma guerra civil», apontou.

O eurodeputado socialista, eleito pelo círculo dos Açores, também em conversa com o PortugalDiário, reforçou esta convicção, fazendo recuar a influência iraniana neste conflito para uma altura anterior à invasão do Iraque. «O regime iraniano conseguiu, efectivamente, armadilhar a opinião pública ocidental e colocar os aliados a trabalhar para ele», apontou Paulo Casaca, dizendo-se convicto que «há contra informação iraniana que chegou aos mais altos níveis». «Ao mesmo tempo que aceleraram os seu programa de armas de destruição maciça aceleraram também a propaganda de que era o inimigo que estava a fazê-lo».

O parlamentar referiu ainda que «as autoridades ocidentais, especialmente as norte-americanas e britânicas, deviam estar atentas, de forma muito séria, às infiltrações que têm nos seus mecanismos de poder».

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Relativamente aos argumentos que invocam que esta alegada influência do Irão se trata de propaganda norte-americana, para justificar uma intervenção militar no país, Paulo Casaca discorda. «Acho que os EUA não sabem sequer para onde se hão-se virar e não estão em condições de fazer esta orquestração. Penso até que eles estão a arranjar o máximo de argumentos possíveis para se entenderem com Teerão», afirmou.

Para o político, há uma intenção muito vincada do regime iraniano em instaurar um novo Califado de matriz islamita. O caos no Iraque faz parte do plano.

«Ninguém gosta de ver o seu país ser invadido»

Abdulla Al-Jubori estava em Inglaterra quando aconteceu a invasão do Iraque por parte da coligação internacional liderada pelos EUA. Na altura, foi também ele invadido por sentimentos contraditórios. «Inicialmente estávamos optimistas relativamente à alteração de regime», revelou. Mas, por um lado sublinhou: «Ninguém gosta de ver o seu pais ser invadido».

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«Pensávamos que o país iria melhorar, que a vida das pessoas iria melhorar», explicou o médico dentista, que deixou o Iraque nos anos 80 para estudar, já na altura como opositor do regime de Saddam Hussein. Agora o território não se tornou mais habitável no que na época do ditador. «O que está a acontecer no Iraque é realmente cruel», apontou. «Há milhões de viúvas e de órfãos».

Sobre a continuação ou não dos militares norte-americanos, Al-Jubori referiu que «há dois ou três anos, defenderia que os EUA deveriam sair, mas agora não». A razão: «Eles têm que reparar os danos que causaram». «Os EUA deram-nos muitas vítimas. Ocorre uma massacre todos os dias no Iraque», frisou.

A solução da paz para o seu país tem que passar por sanar as fracções sectárias. «Formar uma frente nacional para governar o país, e a formação de um exército nacional e de uma polícia nacional, para proteger o povo, e não apenas alguns partidos ou parte do povo». Foram estes os ingredientes de uma receita difícil de encontrar, mas na qual quer que a comunidade internacional, em especial a Europa, participe.

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