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Quase sempre notícia pelo conflito israelo-palestiniano, agora são os próprios israelitas que entram em confronto. Não por causa de religião ou posse de territórios. A "panela de pressão explodiu" em Telavive por causa do racismo e discriminação contra os israelitas de origem etíope, como explicam os organizadores dos protestos que se pretendiam pacíficos, mas que fizeram mais de 60 feridos, no domingo. A gota de água foi um vídeo publicado no YouTube em que se veem dois polícias a espancar um jovem soldado com aquelas origens. O Estado de Israel assume, pela voz do seu Presidente Reuven Rivlin, ter “cometido um erro” de tratamento do grupo étnico. Os protestos fizeram “descobrir uma ferida aberta e em carne viva no coração da sociedade israelense: a dor de uma comunidade clamando contra a discriminação, racismo e falta de resposta”, admitiu, citado pelo “Times of Israel”.
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O Presidente assinalou que os protestos são “uma ferramenta essencial em democracia”, mas lamentou a violência dos mesmos: “Não é nem a forma nem a solução”.
Os confrontos aconteceram na sequência da divulgação deste vídeo amador, no YouTube, onde dois polícias escapam um jovem israelita de pele mais escura, que servia nas Forças de Defesa de Israel e estava de uniforme:
O jovem soldado, de nacionalidade israelita, chegou mesmo a ser detido por alegada agressão aos polícias, mas mal foram divulgadas estas imagens, foi libertado.
O Presidente de Israel advoga que é preciso “olhar diretamente para esta ferida aberta”:
"Nós errámos. Nós não olhámos, e nós não ouvimos o suficiente. Entre os manifestantes nas ruas, estão alguns dos nossos melhores filhos e filhas: os melhores alunos, soldados que serviram no exército. Devemos-lhes respostas”.
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O ministro de Segurança Pública, Yitzhak Aharonovitz, reconheceu, por sua vez, que "algumas das queixas contra a polícia são justificadas”. Terá de haver uma investigação e de ser encontrada uma “solução abrangente”.
“Não estamos em Baltimore”Baltimore foi palco de motinsEm Tel Aviv, os organizadores da manifestação rejeitam comparações. “Em Jerusalém nós não 'fazer um Baltimore' como pessoas estão a dizer”. “A polícia documentou cada momento da manifestação e eu quero ver essa documentação, se fomos nós realmente que começámos com a violência, como a alega a polícia. Nós marchávamos nas ruas e eles dispararam granadas de efeito moral contra nós.", disse Inbal Bogale, também de acordo com o "Haaretz".
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O movimento, iniciado por cerca de 20 jovens membros da comunidade etíope, rejeitam ainda ser rotulados como líderes. “Somos parte de uma comunidade que tem sentido na pele essas coisas, que está a sofrer e quer gritar, queremos sair para as ruas juntos e protestar contra a forma como somos tratados”, explicou Misganaw Fanta, um dos organizadores.
Uma história de racismo, discriminação e pobreza"É uma panela de pressão que explodiu. Há centenas de jovens etíopes com processos abertos pela polícia sem qualquer razão, e que arruínam as suas vidas. Eles são bons rapazes que querem chegar à frente, para estudar, para contribuir para o Estado, mas não podem ser soldados de combate, não estudam, são chamados de criminosos”
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A comunidade conta agora com cerca de 135.500 pessoas dos mais de 8 milhões de Israel e inclui muitos já nascidos no país.
Há muito que o grupo étnico reclama ser vítima de discriminação, racismo e pobreza. De facto, segundo a “Al Jazeera”, mais de metade dos etíopes em Israel vivem na pobreza e apenas metade tem o nível de estudos do secundário.
O próprio governo israelense também é frequentemente acusado de racismo por deportar imigrantes africanos. Outro caso flagrante aconteceu em 2013, quando Israel também admitiu a imposição de injeções de controlo de natalidade para as mulheres judias etíopes, sem que soubessem ou, sabendo, que o consentissem.
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