Frio intenso, vento forte e nevões aliados às condições deficientes das instalações fazem com que a situação dos migrantes na ilha de Lesbos seja “mesmo de emergência”, disse uma voluntária de uma organização portuguesa na ilha grega esta quarta-feira.
Mariana Branco, que está a coordenar a missão da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) no campo de Karatete, em Lesbos, há um mês, disse à agência Lusa tratar-se de uma “situação mesmo de emergência”.
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“O frio é intenso, o vento é muito forte, é uma ilha, temperaturas negativas e quando neva é muito complicado, é uma situação muito difícil mesmo”, adiantou, referindo temperaturas de quatro graus negativos e tendas “literalmente atoladas na neve”.
Uma associação médica em Lesbos disse na terça-feira que as condições no principal campo, o de Moria, eram “desumanas” com os migrantes em tendas expostos a temperaturas glaciais.
Segundo Mariana Branco, no campo de Karatete, com cerca de mil pessoas, as condições não são tão más como em Moria.
No primeiro, os migrantes encontram-se “em contentores e em tendas de lona mais apropriadas”, no segundo, “onde vivem significativamente mais pessoas, são tendas normais de campismo (…) de pano, muito fininhas”.
A voluntária portuguesa confirmou que as autoridades gregas estão a retirar algumas pessoas dos campos de Lesbos que deverão ser levadas para Atenas, no continente, mas desconhece o seu número.
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Sei que saíram bastantes pessoas, o campo onde estou é para famílias mais vulneráveis e por isso há uma tentativa de enviar as pessoas para Atenas, para que depois possam vir para cá aquelas que estão a passar por mais dificuldades em Moria”, referiu, adiantando pensar que também estão a retirar pessoas de Moria para o continente.
A PAR está atualmente a trabalhar num “plano de educação em saúde para ajudar as pessoas a perceberem como devem proteger as crianças, o que fazer quando detetam os principais sintomas” devido ao frio.
No campo também existe resposta do ponto de vista médico e Mariana Branco disse existir “bastante quantidade de agasalhos e de proteção para o frio”.
A solução, se as pessoas quiserem ajudar, passa por haver uma mobilização dos países europeus e da política europeia de realocação destas pessoas de forma que elas possam ter condições mais estruturadas, nomeadamente em Portugal”, declarou, adiantando pensar que “a palavra-chave é mais instituições anfitriãs”.
Uma vaga de frio vindo da Escandinávia afeta a Europa desde o fim da semana passada e já provocou 60 mortes, incluindo nos Balcãs, Polónia, Roménia, República Checa, Bulgária, Macedónia, Bielorrússia e Itália.
Num comunicado divulgado na terça-feira, a Organização Internacional para as Migrações deu conta da sua preocupação com os migrantes devido ao mau tempo, adiantando que “dois migrantes iraquianos foram encontrados congelados numa floresta da Bulgária e pelo menos outros dois – um somali na Bulgária e um afegão na Grécia – terão morrido”.
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