O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, diz que «muitas pessoas» em Kiev e fora da Ucrânia querem que o acordo de paz conseguido em Minsk falhe. Segundo a agência Interfax, Lavrov disse que os observadores da OSCE destacados para averiguar a retirada de armamento pesado do leste da Ucrânia devem ser objetivos, imparciais e capazes de resistir à tentação de dizer que o acordo de Minsk, assinado a 12 de fevereiro, não resultou. «Muito depende de uma abordagem honesta, objetiva e imparcial por parte dos observadores que devem registar o que está a acontecer no local, para que possamos resistir às tentações de dizer que o acordo de Minsk já falhou», disse Lavrov em conversa com Gerard Larcher, presidente do senado francês. Os separatistas pró-russos dizem já ter iniciado a retirada de armamento pesado da frente de combate, mas o governo de Kiev acusa-os de estarem a usar a trégua para encobrir um novo avanço e recusa-se a fazer o mesmo. «Há muitas pessoas fora da Ucrânia e em Kiev que quem que [os separatistas] falhem», continuou o ministro. Já esta quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, avisou as autoridades russas que a Europa está disposta a implementar novas sanções a Moscovo se os separatistas avançarem para a cidade portuária de Mariupol. O governo de Kiev teme que os separatistas estejam a preparar a conquista da cidade com 500 mil habitantes para abrir um «corredor» desde a Rússia até à anexada península da Crimeia. «O problema hoje centra-se particularmente sobre Mariupol. Dissemos à Rússia que se existir um ataque dos separatistas na direção de Mariupol, muito vai ser alterado, incluindo em termos de sanções. A um nível europeu, a questão das sanções seria levantada novamente», disse à France Info. Os líderes europeus concordaram em não aumentar nem levantar as sanções impostas à Rússia, após o cessar-fogo acordado a 12 de fevereiro. No entanto, após várias violações do acordo, Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu já anunciou que a Europa está a considerar adicionar novas sanções à Rússia. Do lado dos rebeldes, o líder Eduard Basurin garantiu, esta terça-feira, que controlar as duas províncias ucranianas do leste, onde se inclui Mariupol, está na agenda, mas através de «negociações com o lado ucraniano». Basurin também desmentiu que existam combates violentos nas regiões perto de Mariupol, admitindo, apesar de tudo, respostas a provocações ucranianas sem grande importância. Já o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Pavlo Klimkin, avisou que «futuras investidas vão gerar um contra-ataque». Klimkin disse que «Mariupol é [uma cidade] chave. Qualquer tipo de ataque [à cidade] vai mudar as coisas. (…) Debaltseve mudou o “jogo” porque “estragou” o espírito dos acordos de Minsk», disse.
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