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«Obama é o único que garante mudança»

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Saramago manifestou o desejo de que o democrata Barack Obama vença as eleições presidenciais

O escritor José Saramago manifestou esta terça-feira o desejo de que o democrata Barack Obama vença as eleições presidenciais que decorrem nos Estados Unidos, porque «não é um político comum» e é «o único que garante uma mudança».

«Eu espero que ganhe o Obama. Agora, será ele capaz? Apesar de tudo, eu creio que sim, porque ele não é um político comum, há qualquer coisa de diferente naquele homem», disse José Saramago, em entrevista à Lusa.

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«Aquilo que o pode ajudar é talvez a necessidade que o próprio povo norte-americano - ou pelo menos uma grande parte dele - sente de mudança. E o único que promete e que, de alguma forma, garante uma mudança, que não sabemos até onde chegará, é precisamente o Obama. O outro (o republicano John McCain) limitar-se-ia a seguir mais ou menos, com algumas correcções, o que foi a desastrosa política do senhor Bush», observou.

Se McCain vencer, «será a maior decepção da minha vida, que já leva umas quantas decepções», afirmou Saramago.

O prémio Nobel da Literatura português ressalvou, contudo, que «Obama não tem, como nenhum Presidente tem, as mãos livres».

«Tudo aquilo é um entramado de interesses e pressões, conforme se viu: a influência do petróleo na política dos Estados Unidos, a indústria armamentista... tudo isto limita a liberdade de acção de um Presidente, salvo se esse Presidente, como foi o caso de Bush, é parte dessa espécie de trama», referiu.

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Quando começou a revolução

«Para mim - prosseguiu -, o Obama tem uma qualidade fundamental: é uma pessoa inteligente e é também uma pessoa que não nos atira à cara com a sua inteligência, tem uma comunicação directa, fácil. E repare-se que, mesmo que ele não ganhe, supondo que não vai ganhar - e eu creio que sim e desejo que isso aconteça - já se deu uma revolução nos Estados Unidos».

Segundo Saramago, a revolução «começou quando ele, em Fevereiro de 2007, inicia a sua campanha, que nesse momento não era ainda à presidência, era à candidatura como representante do Partido Democrata, e encontra um opositor tremendo, que era a Hillary Clinton».

«Ainda por cima, um negro!»

«Se entendermos o entusiasmo que ele começou a criar com o simples aparecer e com o simples dizer umas quantas palavras que chegaram à sensibilidade e à consciência das pessoas que o ouviram, isso já foi uma revolução. Ainda por cima, um negro!», comentou.

«Ainda não há muitos anos (em 1955), aquela negra, Rosa Parks, se recusou a levantar-se do assento no autocarro para dar lugar a um branco. A coragem que foi necessária a essa mulher! Os alicerces da segregação nos Estados Unidos, que já vinham sendo abalados de antes, aí levaram um abanão tremendo», recordou.

No entanto, «não se esperaria que tão cedo pudesse acontecer que um negro se apresentasse à presidência dos Estados Unidos com tantas probabilidades de vitória como as que tem Obama», sustentou.

Mas agora - advertiu - «também não convém esperar demasiado. Nós sempre temos esta necessidade, ainda que de maneira inconsciente, de que haja um milagre, estamos à espera de milagres de Fátima ou de qualquer outra coisa, e depois não acontecem, porque não podem acontecer, a lógica do mundo vai por outros caminhos, os dos interesses, mas seja como for, há que recordar que tudo isto coincide com a crise do capitalismo neoliberal, dos chamados "neocons"».

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