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Advogado defende 50 presos de Guantánamo

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Jurista britânico não recebe pelo seu trabalho; e denuncia atrocidades em livro prefaciado por Mário Soares

O advogado inglês Clive Stafford Smith apresenta no dia 28, em Lisboa, o seu livro «Guantanamo», com prefácio de Mário Soares, em que denuncia as violações dos direitos humanos praticados nesta prisão norte-americana em Cuba.

O livro, um relato pessoal e político da sua própria vivência em Guantanamo, reúne histórias reais de sofrimento e tortura dos prisioneiros dentro do campo prisional instalado nesta tristemente famosa base naval.

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«No seu interior - que os EUA tentaram esconder do mundo -, os prisioneiros fizeram greves de fome, foram mutilados, suicidaram-se e alguns (mais de 60) eram menores de idade, com 13 anos», revela.

Mário Soares afirma no seu prefácio que Guantanamo é «o escândalo dos escândalos» em matéria de falta de respeito pelos direitos humanos. «Guantanamo fica na história como um símbolo tremendo do descrédito a que chegou a administração do Presidente George W.Bush».

A prisão de Guantanamo, um dos símbolos mais controversos das políticas antiterroristas da administração Bush, vai continuar aberta mesmo depois do actual presidente norte-americano terminar as suas funções, anunciou a própria Casa Branca na semana passada.

«O presidente e a sua administração esforçam-se para chegar a uma situação em que se poderá encerrar Guantanamo. Há muito tempo que dizemos que o campo não será fechado antes do fim do mandato do presidente», disse a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino.

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Isso deixa ao futuro ocupante da Sala Oval, a 20 de Janeiro, a tarefa de encerrar a prisão que se tornou emblemática, segundo os seus detractores, devido aos abusos da luta antiterrorista. O candidato democrata à presidência, Barack Obama, e o seu adversário republicano, John McCain, apelaram ao encerramento do centro de reclusão.

Contactado pela Agência Lusa, após o anúncio de que cinco prisioneiros de Guantanamo veriam as suas acusações retiradas, o advogado Clive Smith - que representa alguns deles - disse que se «trata novamente de uma farsa» da administração norte-americana. «Eles apenas abandonam as acusações até depois das eleições».

Stafford representa 50 prisioneiros

Clive Stafford Smith representa 50 prisioneiros em Guantánamo sem receber honorários, mas foi «muito difícil» ganhar a confiança deles como advogado devido às tácticas de guerra dos militares norte-americanos, conta o britânico à agência Lusa. «Os militares norte-americanos fazem tudo para minar a confiança».

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Antes das visitas, relata, «disseram aos meus clientes que eu era judeu e depois que eu gostava de ter sexo com homens, só para jogar com os preconceitos atribuídos aos muçulmanos conservadores contra judeus e homossexuais».

Este é apenas um exemplo do absurdo que Clive Smith encontrou nas visitas ao campo de detenção em Guantánamo Bay enquanto advogado ao serviço da organização de defesa de direitos humanos Reprieve, da qual também é fundador.

«Actualmente, estão lá cerca de 250 prisioneiros, mas os EUA continuam a reter pelo menos 27 mil pessoas ilegalmente por todo o mundo - no Iraque, Afeganistão, Djibuti, Diego Garcia e outros».

Clive Smith acredita que muitos dos prisioneiros estão inocentes pelo simples facto de a sua captura ter sido recompensada no Paquistão com prémios de 5.000 dólares, algo que corresponderia a 3.900 euros. Outros poderão ser criminosos e perigosos, mas para este advogado a questão é diferente. «Todos têm o direito a um julgamento justo, independentemente da culpa».

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