A vice-ministra da Educação timorense afirmou esta terça-feira que os planos curriculares do executivo não discriminam o português e que o sistema progressivo de introdução da língua responde à realidade do país.
«Os decretos não discriminam o português e o sistema progressivo de ensino do português pretende responder à realidade timorense», afirmou Dulce Jesus Soares em resposta aos deputados.
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Os comentários da vice-ministra foram feitos durante um debate no Parlamento Nacional de uma Apreciação Parlamentar para cessar a vigência de dois decretos sobre o ensino pré-escolar e no ensino no 1º e no 2º ciclo básico em Timor-Leste, em vigor desde janeiro.
Recorde-se que Timor-Leste tem duas línguas oficiais - português e tétum - e várias línguas maternas, locais ou regionais, usadas por uma fatia minoritária da população.
«As línguas maternas usam-se quando for preciso para facilitar o processo de aprendizagem. Não significa que a língua materna é disciplina, mas sim língua de instrução, durante o processo de aprendizagem, quando for preciso», considerou.
Na sua intervenção, a governante considerou que «o ensino do português começa cedo» com o tétum em exclusivo no ensino pré-escolar, ensino oral do português «nos primeiros dois anos do ensino básico e oral e escrito nos 3.º, 4.º e 5.º anos» de escolaridade.
«O objetivo é que no 3.º ciclo tenha uma boa base das duas línguas oficiais, tétum e português. Não é que começa a aprender português quando tem 12 anos. Começa com 6 e quando chega aos 12 já tem um conhecimento sólido», disse Dulce Jesus Soares.
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Na sua intervenção, a vice-ministra rejeitou os argumentos de inconstitucionalidade dos 18 deputados que assinaram a Apreciação Parlamentar, argumentando que a lei base prevê a valorização das línguas maternas.
Na sua intervenção no debate, o outro vice-ministro da Educação, Bendito Freitas, disse que o debate é crucial no momento atual já que, apesar dos progressos conseguidos desde a restauração da independência «continua a haver alguns pontos fracos».
«Timor-Leste tem que aumentar a sua capacidade para o mercado internacional. Não há aqui um interesse individual, mas um interesse nacional, estratégico», disse.
«Os índices de literacia e de numeracia têm que aumentar. Temos que melhorar as nossas capacidades nestes aspetos», considerou.
Ao mesmo tempo, insistiu que resolver os problemas educativos passa por questões como professores, livros e infraestruturas.
Já o ministro da Educação timorense disse que espera clarificar «mal entendidos» de alguns deputados sobre dois polémicos decretos curriculares alvo de uma Apreciação Parlamentar que pretende cessar a sua vigência.
«Vamos apresentar os nossos fundamentos ao parlamento e depois eles decidirão. Mas penso que há alguma falta de entendimento. Misturam as coisas entre língua materna e o processo de ensinar as duas línguas oficiais. Isso é que está a ser mal-entendido», disse Fernando La Sama de Araújo em declarações à Lusa.
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