A multinacional tabaqueira Philip Morris abriu um ficheiro de acompanhamento com nomes de eurodeputados para tentar influenciar os seus votos a favor da indústria, revela hoje o jornal francês Le Parisien, que divulga documentos exclusivos.
Nos documentos aparecem os nomes de 74 eurodeputados franceses com menções sobre a sua opinião acerca do tabaco e das ações que podem ser executadas para que se vote a favor da indústria, segundo o jornal, citado pela agência de informação espanhola EFE.
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No espaço dedicado a uma eurodeputada pode ler-se: «Fervorosa opositora à indústria do tabaco. É necessário acompanhar de perto as suas eventuais iniciativas antitabágicas. Recusa reunir-se com a indústria».
A multinacional tabaqueira atribui nos documentos, que datam de 2012 e 2013, uma cor a cada deputado em função da urgência de reunir-se com ele.
O ministro francês da Agricultura, Stéphane Le Foll, que durante anos foi eurodeputado e que figura no ficheiro, considerou que estes documentos constituem «um ataque às liberdades civis».
A empresa «Philip Morris tem que dar explicações», defendeu o ministro Stéphane Le Foll.
Segundo o Le Parisien, a tabaqueira terá atribuído um orçamento de 550.000 mil euros para repartir por 161 «lobistas» para organizarem «eventos».
A presidente do Comité Nacional Francês de Combate ao Tabagismo, Emmanuelle Beguinot, considerou necessário esclarecer o destino real desse dinheiro, perante a possibilidade de que pode servir para comprar votos, mas o jornal diz que nos documentos «não aparece nenhum rasto de corrupção».
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De acordo com o Le Parisien, o objetivo do lóbi do tabaco pode ser atrasar a votação da diretiva europeia que endurece as condições de venda de cigarros, que está marcada para 09 de outubro, depois de já ter sido adiada um mês.
A intenção passa por adiar esta votação para depois das eleições europeias que se realizam no próximo ano, afirma o jornal.
A legislação europeia exige que os eurodeputados estejam informados da existência deste tipo de ficheiros.
Contudo, vários eurodeputados, contactado pelo jornal, asseguraram não saber nada sobre estes documentos.
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