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Serpentes mataram 250 pessoas em três semanas na Nigéria

Muitas mortes em África são provocadas pela mordedura de serpentes. Organização Mundial de Saúde inclui mesmo estes tipos de envenenamento na lista das doenças tropicais negligenciadas

A Nigéria é um dos países do mundo mais afetados por aquilo que os especialistas em saúde pública consideram uma epidemia, a saber, a mordedura, envenenamento e morte de pessoas por serpentes.

Últimos registos indicam que cerca de 250 pessoas terão morrido num período de três semanas nos estados nigerianos de Gombe e Plateau, o que fez aumentar o alarme e preocupação por parte dos médicos locais, por causa das serpentes venenosas, que saem dos esconderijos nos dias de chuva para caçar e procriar.

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A África subsariana é o habitat para muitas das mais perigosas serpentes de todo o mundo. Estima-se que cerca de 32 mil pessoas na região são mortas todos os anos por mordeduras e que cerca de 100 mil ficam incapacitadas, frequentemente por ferimentos que exigem amputação de membros.

Contudo, admite-se que estes números possam mesmo ser maiores, pois muitas das vítimas não entram na contagem estatística.

“A informação dos centros de saúde é limitada aos que são atendidos em clínicas e hospitais, o que representa apenas metade, ou menos, dos pacientes”, afirmou o médico Jean-Philippe Chippaux, fundador da African Society of Venomology, à CNN.

Recurso a curandeiros 

Uma outra justificação para a elevada mortalidade por veneno de cobra é o facto de muitas das vítimas preferirem deslocar-se a curandeiros tradicionais. Outra razão é o isolamento das comunidades, o que torna mais difícil o diagnóstico e o tratamento.

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Contudo, de acordo com informação da CNN, Chippaux considera que o maior problema de todos é mesmo a falta de interesse demonstrada pelos governos da região.

“O diagnóstico e o tratamento da mordedura de serpente já não são práticas ensinadas nas escolas de enfermagem. Nenhum país tem estratégias para combater o envenenamento. Não existe qualquer política para selecionar e distribuir antídotos”.

Doença negligenciada

A Organização Mundial de Saúde (OMS) adicionou, este ano, o envenenamento por mordedura de serpente à lista das doenças tropicais negligenciadas, como é o caso da lepra e da raiva.

Um grupo de trabalho da OMS criou um plano para combater a situação: um dos focos de ação vai ser o compromisso com a comunidade, que passa por incentivar as pessoas a frequentar as clínicas e os hospitais, a utilizar calçado de proteção nos campos e a proteger as casas das serpentes.

O grupo de trabalho da OMS tem também o objetivo de tornar a forma de produção e distribuição dos antídotos mais sustentável para os produtores e para os utilizadores, por exemplo através de subsídios do governo.  

No entanto, e como disse Chippaux à CNN, o problema não é a qualidade dos projetos e as iniciativas que surgem.

“O problema não é a qualidade das propriedades dos antídotos, mas sim a distribuição para onde eles são necessários. O problema é o modelo económico e não a tecnologia”.

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