Algumas zonas da Síria estão hoje controladas por grupos ligados à Al-Qaeda que imprimiram um regime de terror sobre as populações. Uma reportagem exclusiva da CNN, em Raqqa, mostra uma cidade que recuou no tempo e que vive com medo da tortura e da morte na praça pública, às mãos de grupos que chegaram para ajudar a vencer Bashar Al-Assad. É uma reportagem perturbadora sobre uma revolução que para muitos... morreu.
Um homem espancado por fazer graffiti conta à estação de televisão norte-americana o que acontece quando a Al-Qaeda, que diz ter vindo para ajudar, decide que afinal quer mandar.
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«Cada 15 minutos, deitavam-me água em cima, eletrocutavam-me, davam-me ponta pés», afirma. O homem acrescenta que foi arrastado pelas ruas de Raqqa até uma igreja que a Al-Qaeda queimou e que depois declarou como base de operações.
Os militantes do grupo chamado Estado Islâmico do Iraque na Síria, conhecidos como Isis, conseguiram num mês terminar com o estilo de vida liberal de Raqqa. Agora há cartazes a ordenar que as mulheres tapem a sua beleza. Os militantes do Isis rumam à noite para anunciar num café que fumar vai ser proibido e, de dia, queimam os cigarros confiscados.
O repórter da CNN constata que a vida parece normal, embora «o simples facto de filmar te possa matar». Se olharmos mais de perto, os direitos das mulheres estão a desaparecer. Há novas regras: usa vestuário islâmico, não vás ao médico se for homem, não saias de casa sem um homem da família.
Uma escola islâmica faz o doutrinamento dos mais jovens de Raqqa e cumpre os primeiros passos para o desejado Califato islâmico, inimaginável há alguns meses na Síria. No fim de semana, uma aldeia vizinha acorda e vê o cartaz que avisa que as mãos dos ladrões serão cortadas.
Nesta reportagem exclusiva, a CNN retrata os graffiti como a única forma de protesto que resta aos mais audazes em Raqqa. A mesma reportagem lembra os primeiros dias da revolução síria, quando Assad começou a torturar rapazes que escreviam em graffiti na escola frases antirregime. Agora, é a Al-Qaeda que faz o mesmo e muitos se perguntam se a própria revolução morreu.
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